Agrofloresta, Ecologia E Sociedade
trata da construção de alternatividades vivenciadas por agricultores e agricultoras ligados à Cooperafloresta, uma organização que reúne famílias rurais dos municípios de Barra do Turvo, em São Paulo, Adrianópolis e Bocaiúva do Sul, no Paraná, na região do Vale do Ribeira, fronteiriça entre os dois estados.
Ali está em curso uma experiência agroecológica de produção agroflorestal, pela qual esses homens e mulheres enfrentaram problemas ecológicos e sociais, cuja magnitude ameaçava a sua própria reprodução social como agricultores e a de sua natureza próxima – a terra em que vivem, sua disponibilidade de água, a qualidade do solo, ou seja, a base material de sua existência.
Em sua parte do mundo, receberam pessoas de fora que lhes trouxeram ideias e propostas de mudança. Interagindo com essas ideias, iniciaram o caminho de transformação de suas relações com a natureza e com outros homens e mulheres. Foram alçados a patamares extralocais de vivência ao se inserirem em redes regionais como a Rede Ecovida de Agroecologia que, por sua vez, os vinculou a outras redes nacionais e internacionais. Participaram de encontros em que trocaram conhecimentos e construíram laços de identidade com muitos que também se viram em situações-limite e procuraram gestar o inédito viável nas suas trajetórias. Em redes, começaram a se inserir em uma incipiente e intermitente globalização alternativa.
A percepção da riqueza dessa experiência levou muitos a visitá-la e a querer participar dela, seja como técnicos, colaboradores e pesquisadores.
Os trabalhos reunidos em Agrofloresta, Ecologia E Sociedade foram realizados por um grupo de técnicos e pesquisadores de órgãos de pesquisa e de universidades públicas – destas, professores e estudantes de graduação, mestrado e doutorado. Compartilhando o interesse despertado pelos processos em curso na Cooperafloresta, empreenderam, em conjunto com agricultores e agricultoras, estudos sobre distintas dimensões de tais processos. Como eram muitos e tinham em comum a intenção de ser também colaboradores dos agricultores, organizaram-se para discutir algumas prioridades de pesquisa para a associação e seus membros. Procuraram articulá-las aos seus próprios interesses mais gerais, dados pelas suas formações e inserções profissionais, institucionais e políticas. Foi um esforço coletivo de produção de conhecimento. Envolveu a construção de um diálogo de saberes com as comunidades e um encontro entre diferentes disciplinas.