
Intelectuais Negras: Vozes Que Ressoam é resultado de um esforço conjunto das alunas e dos alunos da disciplina “Gênero, raça e classe: o debate na comunicação”, ministrada no segundo semestre de 2018, no Programa de Pós-graduação em Comunicação Social, da Universidade Federal de Minas Gerais (PPGCOM/UFMG).
Intelectuais Negras narra a história e a trajetória de vida, acadêmica e profissional de mulheres negras e intelectuais, protagonistas das suas próprias histórias.
Destaca os espaços nos quais trabalham, militam, escrevem, intervém, atuam na gestão e confrontam posturas e práticas classistas, racistas, machistas e LGBTfóbicas. Ao nos dedicarmos à leitura, somos contempladas com a vivência guerreira de seis intelectuais negras, sendo cinco brasileiras (Conceição Evaristo, Zélia Amador de Deus, Jaqueline Gomes de Jesus, Jurema Werneck e Maria Aparecida Moura) e uma estadunidense (Kimberlé Crenshaw).
Mulheres negras acadêmicas, ativistas e escritoras, cujas vivências e escrevivências, nos dizeres de Conceição Evaristo, são por si só interseccionais.
A interseccionalidade de raça, gênero, classe e orientação sexual, entroncamentos da realidade social, cultural e política dessas mulheres – sabiamente teorizada como conceito de potente operacionalidade epistemológica e política por Kimberlé Crenshaw – é vivida cotidianamente pelas mulheres negras, nos mais diversos lugares do mundo, com contornos, intensidades, capacidade de resistência e percepções diferentes.
E é essa mesma interseccionalidade que se faz presente na vida das intelectuais negras cujas vozes foram ressaltadas e as presenças foram visibilizadas por meio desta publicação.
São vozes e práticas que ressoam e se impõem diante de um mundo tão opressor e trajetórias de vida que se apresentam, ao mesmo tempo, tão diferentes nas suas individualidades e tão iguais na luta contra a opressão e nas experiências de superação.
Todas as mulheres cujas vozes, vivências e experiências sociais e raciais são destacadas vêm de uma origem popular, possuem trajetória familiar de luta pela sobrevivência, conseguiram furar o cerco das desigualdades socioeconômicas, do racismo e do patriarcado e avançaram nos estudos chegando até a universidade.
Elas têm consciência política do que significa ser negra em uma sociedade machista, racista e heteronormativamente orientada. Enfim, são guerreiras.
E, aquelas que têm filhos e filhas os ensinam desde muito cedo a continuar resistindo e produzindo novos conhecimentos, outra forma de atuação política, novos olhares sobre gênero e raça.
As autoras e os autores nos convocam ao debate. O que tem sido produzido no campo da comunicação sobre o tema abordado no livro? Quantas/os são as docentes e os docentes negros que atuam na Pós-graduação em Comunicação no Brasil? Quantas negras e negros chegam aos cursos de Pós-graduação em Comunicação em nosso país? Quantas e quais são as dissertações e teses que abordam a questão racial, de gênero e a diversidade sexual no campo da comunicação? E a dimensão interseccional?
