Ontologia Sem Consciência: Ensaio Acerca Dos Últimos Temas De M. Merleau-Ponty

É preciso que se escreva sobre o último período de M. Merleau-Ponty sem obturar-lhe os espaços deixados em branco. Não queremos dizer com isso a rejeição de considerações conclusivas, mas a atenção repetida ao vínculo destas a uma dimensão para sempre aberta, que deve ser vista aberta, e de cuja qualquer elucidação será um possível.
Mas, se falhará em legitimidade um comentário que tenha pretendido extrair certa precisão de intenções deixadas às lacunas de O visível e o invisível ou a algum outro momento da década que lhe antecede o falecimento, tão infértil quanto, ou mais, será deixar tal período inerte, trocando a transformação da obra pelo acordo com o seu início.
Se o que queremos é aproximar de nosso pensamento o pensamento de um autor, e não realizar o recorte das noções contidas nos trabalhos iniciais, tomando-os como concluídos por eles próprios; encontraremos, então, em qualquer momento, a necessidade de assumir por conta a indicação de intenções prováveis acerca do investigado, assim como, noutras vezes, apenas pôr a nu o impasse e encurtar o alcance especulativo.
Se ainda nos preocupam questões de método, é porque sabemos que a análise conforme uma pauta pré-estabelecida também não fará, do caso de Merleau-Ponty, o melhor desenho. A fim de definirmos nossa posição diante dele e de seu último período, optamos por um método de aparência frágil que, todavia, esperamos servir ao caso por uma espécie de "emparelhamento".
Tratar-se-á de decuplicar a própria regência merleau-pontiana em uma segunda organização de mesmo conteúdo, que o seguirá mais em ritmo do que propriamente em ordem, e que resumiremos genericamente como um regime de aproximação e distanciamento, tanto entre os aspectos descartados e os aspectos subsumidos das demarcações conceituais que ele mesmo traz à página - ambos, afinal de contas, correlatos com um único propósito - quanto entre o que, dentro de seu próprio domínio, é abjurado ou levado adiante; e quanto, ainda, ao que corresponde a nossa própria inclusão na leitura.
O escopo deste não abarca o trabalho de uma análise histórica, e o método que a suporta é menos o de organizar um inventário de estruturas críticas do que o de uma flexão da leitura suficientemente atenta.

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É preciso que se escreva sobre o último período de M. Merleau-Ponty sem obturar-lhe os espaços deixados em branco. Não queremos dizer com isso a rejeição de considerações conclusivas, mas a atenção repetida ao vínculo destas a uma dimensão para sempre aberta, que deve ser vista aberta, e de cuja qualquer elucidação será um possível.
Mas, se falhará em legitimidade um comentário que tenha pretendido extrair certa precisão de intenções deixadas às lacunas de O visível e o invisível ou a algum outro momento da década que lhe antecede o falecimento, tão infértil quanto, ou mais, será deixar tal período inerte, trocando a transformação da obra pelo acordo com o seu início.
Se o que queremos é aproximar de nosso pensamento o pensamento de um autor, e não realizar o recorte das noções contidas nos trabalhos iniciais, tomando-os como concluídos por eles próprios; encontraremos, então, em qualquer momento, a necessidade de assumir por conta a indicação de intenções prováveis acerca do investigado, assim como, noutras vezes, apenas pôr a nu o impasse e encurtar o alcance especulativo.
Se ainda nos preocupam questões de método, é porque sabemos que a análise conforme uma pauta pré-estabelecida também não fará, do caso de Merleau-Ponty, o melhor desenho. A fim de definirmos nossa posição diante dele e de seu último período, optamos por um método de aparência frágil que, todavia, esperamos servir ao caso por uma espécie de “emparelhamento”.
Tratar-se-á de decuplicar a própria regência merleau-pontiana em uma segunda organização de mesmo conteúdo, que o seguirá mais em ritmo do que propriamente em ordem, e que resumiremos genericamente como um regime de aproximação e distanciamento, tanto entre os aspectos descartados e os aspectos subsumidos das demarcações conceituais que ele mesmo traz à página – ambos, afinal de contas, correlatos com um único propósito – quanto entre o que, dentro de seu próprio domínio, é abjurado ou levado adiante; e quanto, ainda, ao que corresponde a nossa própria inclusão na leitura.
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