
O livro analisa e discute as transformações no setor postal brasileiro, dialogando com as diversas mudanças pelas quais o mercado de trabalho passou e as implementações de estratégias governamentais que possibilitaram a modernização, a reestruturação operacional e a reforma organizacional da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) nos últimos 20 anos.
Ao longo de cinco capítulos, a obra responde questionamentos acerca das características dos novos processos organizacionais da ECT e os seus impactos na regulação do setor postal, os reflexos dos processos de reestruturação operacional nas condições de trabalho e as influências dessas mudanças nas políticas de gestão das relações de trabalho na área.
Escrito com clareza, sem abusos da retórica e depurado de academicismos, o livro traz muitas contribuições merecedoras de serem sublinhadas.
Menciono a riqueza e a consistência dos capítulos dedicados a ordenar um emaranhado de informações de forma a traçar a genealogia dos Correios, pari passu com as tendências internacionais, porém preservando aspectos singulares.
Entre eles, o pioneirismo do País na corporatização postal e a emblemática Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Não menos substantiva é a análise das mudanças nos modelos de regulação, no âmago das complexas relações entre as estratégias de poder político, a gestão pública e a corporação sindical.
Conectada com as dinâmicas do mercado e das instituições públicas, incluindo as políticas governamentais, a ECT será o cenário de mudanças oriundas da informatização e das novas modalidades de organização e de gestão do trabalho.
Mas o modelo industrial de serviços postais impõe sua lógica operacional, o que veio à tona na descrição densa da remodelação da rede de atendimento, tratamento, triagem e distribuição domiciliar bem como dos impactos desses processos nas relações de trabalho e nas percepções dos trabalhadores.
Aqui, também coube explorar a presença das mulheres em um contexto tradicional de predomínio de mão de obra masculina, descortinando as imagens de gênero e como elas modelam as relações sociais no espaço organizacional.
