Para qualificá-lo mencionava-se sua fama como biógrafo, ficcionista ou até autor teatral. Para identificar Stefan Zweig sem repetir o nome, escolhia-se o título de um dos seus incontáveis best-sellers: “autor de Maria Antonieta”, de Fouché, “Amok”, “Confusão de sentimentos” ou “Carta de uma desconhecida”.
A condição de poeta foi raramente aventada; a de ensaísta, só adotou tardiamente, depois de 1937, quando organizou a primeira coletânea de escritos não ficcionais para sua nova editora, Reichner (que substituiu a Insel Verlag). Mesmo assim, nunca a assumiu integralmente porque o ensaísmo pressupõe opiniões, confrontações e ele não conseguia encaixar-se na imagem de polemista. Venerador do “sim”, chegou a criar o neologismo Bejahung (de ja, “sim” em alemão) para cultuar o entendimento.
O escritor que no auge da Primeira Guerra Mundial, em plena Áustria beligerante, ousou publicar uma obra ostensivamente pacifista (Jeremias, drama poético) eximia-se quando a causa deixava de ser humanitária. Guardava a veemência para as tramas ficcionais, sempre intensas – um esteta.
O súbito rompimento com a editora que o acolheu durante mais de duas décadas, parceira numa formidável coleção de sucessos, empurrou-o para outros desafios. Preocupado com o futuro da sua obra na Alemanha nazista, tratou de organizá-la: arrumou as grandes biografias no conjunto “Os Construtores do Mundo” e as novelas em outro, “Caleidoscópio”.
É possível que a ideia do volume de ensaios tenha partido de Herbert Reichner, já que Zweig era o carro-chefe da recém-criada editora e quanto mais títulos nas estantes, maior o volume de vendas (dizia-se na época que o próprio Zweig seria o seu principal acionista).
Certo é que a organização do volume Begegnungen … foi repetida em Encontros…, que a Editora Guanabara, do Rio, publicou logo em seguida com título e conteúdo idênticos.a Nas edições em brochura e pequeno formato que antecederam a coleção encadernada de obras completas, nem Zweig ou seu devotado editor brasileiro, Abrahão Koogan, preocuparam-se em incluir textos de um segmento que hoje seria classificado como “não ficção”. Indício desta desatenção é a própria numeração do volume de ensaios – o décimo e, aparentemente, colocado às pressas para substituir o perfil biográfico do mestre e amigo, Romain Rolland.
O Mundo Insone E Outros Ensaios
- Ciências Sociais, História
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