
O que dizer de uma temática tão instigante como a da Geografia dos Alimentos? Os sabores e os aromas têm o inigualável poder de evocar memórias trazendo de volta aspectos significativos que envolvem singularidades de pessoas, grupos e lugares. Quem nunca passou pela experiência de ser surpreendido, de repente, por emoções produzidas pelos aspectos sensoriais comuns aos alimentos?
Comer é uma necessidade básica de todo ser humano. É consenso que o alimentar-se é um ato nutricional, mas o comer vai além, é social, é cultural. E, o que tudo isso tem a ver com a Geografia?
A Geografia, nas suas especificidades, busca explicar as relações do ser humano com o seu meio para, por fim, identificar e analisar os fatores que envolvem o pensar, o fazer, o gostar, o sentir, o comercializar, e todas as demais facetas que norteiam as atividades humanas no espaço geográfico.
O livro proporciona uma imersão prazerosa e aprofundada em uma abordagem instigante da Geografia, que é a Geografia dos Alimentos. Os capítulos apresentados nessa publicação descortinam um vasto universo de pesquisa que levou os seus autores a analisar aspectos que envolvem desde o plantar até o fazer passando pelo cheirar, o provar, o sentir, e todas as deliciosas sensações que o comer proporciona.
As experiências que marcam as escolhas, o preparo e o consumo dos alimentos dizem muito sobre a cultura local, regional e nacional. Dizem sobre homens e mulheres que cotidianamente produzem, comercializam, consomem e atribuem significados aos lugares.
É nessa amplitude de significados que os alimentos podem ser considerados como suportes privilegiados de análise para a ciência geográfica, pois – além de essenciais para a reprodução da vida de homens e mulheres –, ao serem comercializados e consumidos, são transformados em territorialidades. Alimento, vida e espaço, portanto, se imbricam de forma visceral.
As dinâmicas que envolvem os alimentos se descortinam como temática cada vez mais interessante nas análises geográficas, pois a materialidade presente na configuração do espaço está eivada também das imaterialidades que são abundantes nas práticas cotidianas que comunicam significados nesse constante fazer-se que marca a configuração do espaço geográfico.