As sociedades contemporâneas têm observado uma amplificação do alcance da internet e das redes sociais como instrumentos de organização política e o ativismo digital adquiriu protagonismo em diversas localidades do mundo. Em decorrência desse contexto, o ciberespaço tornou-se ambiente propício para a organização de milhares de pessoas, mobilização e engajamento ao debate político iminente.
O objeto do estudo abordado nesta pesquisa foi composto por grupos organizados de mulheres cristãs que utilizam a internet e as redes sociais para militância política e expressão de seus posicionamentos ideológicos.
Investigou-se a internet e as redes sociais enquanto canais propagadores de ideias e debates acerca de questões caras aos movimentos feministas e que, diametralmente, mobilizam segmentos conservadores.
Os objetivos propostos foram identificar como grupos organizados e antagônicos de mulheres cristãs abordam temas como a descriminalização do aborto, garantia de direitos sexuais e reprodutivos, prevenção da violência contra a mulher, entre outros, e como o público virtual reage frente a esses posicionamentos.
A pesquisa elegeu como método e técnica de pesquisa a etnografia virtual e a realização de entrevistas em profundidade com representantes dos diferentes segmentos observados. Realizou uma análise sobre uma possível aliança entre os movimentos progressistas da sociedade com as “Féministas”, grupos de ativistas religiosas que não admitem dogmas cristãos quando estes se sobrepõem aos direitos individuais.
Os grupos de mulheres cristãs conservadores, investigados neste estudo, evidenciaram as suas defesas de um perfil de mulher que deve ser obediente a Deus e ao seu marido, sempre em conformidade com os papeis sociais impostos.
O ativismo de mulheres religiosas concomitantemente assistiu à formulação de um referencial teórico, denominado Teologia Feminista, original por apresentar uma narrativa inovadora pautada na desconstrução de antigos e solidificados discursos religiosos que, historicamente, impõem às mulheres e às pessoas LGBTQI+ um lugar subalterno e, em muitas situações, de ocultação. A Teologia Feminista é inclusiva, afetiva e acolhe as pessoas que sofrem injustiças e discriminações.