Quando criança, muitas vezes deparava apavorada com a ideia de que o mundo se acabaria. Esse pensamento era endossado por muitos adultos na sua ignorância “é verdade, está escrito no apocalipse”.
Meu pai, homem pouco letrado, mas de extrema sabedoria dizia que isto não tinha cabimento e que o mundo só acabava pra quem morria.
Morávamos numa cidadezinha do interior cearense onde a principal fonte de renda era o cultivo de algodão. Os agricultores não dispunham de tratores, apenas enxadas para “limpar” a terra. Por isso, em sua maioria usavam a técnica de “brocar” que consistia em queimar os troncos mais resistentes.
Escutava das moças cultas, alunas da Escola Normal, que isso matava as substâncias da terra. Mas, como eu já estava convencida de que o mundo não se acabaria, então teríamos a terra para sempre, mesmo com menos nutrientes.
Hoje, estamos na iminência de assistirmos à total destruição da terra, não pela mão divina, punindo-nos por nossos pecados, mas induzida por nossas próprias mãos, que não souberam usá-la de modo sustentável.
Conheci Sílvio César quando ele já era professor da UECE e cursava a especialização em Bioquímica e Biologia Molecular, onde tive o prazer de ser sua orientadora.
Em O Efeito Dos Pequenos Gestos fica clara a sua percepção de que pequenas atitudes podem ter consequências catastróficas no ambiente, mas que também pequenos gestos ainda podem salvar a Terra mãe.
Quando nossos gestores não davam condições técnicas àqueles agricultores que queimavam a nossa bela Caatinga para o plantio do algodão, estavam sendo responsáveis pela desertificação que vemos hoje.
No entanto, em O Efeito Dos Pequenos Gestos nos é mostrado que todos somos atores, devendo sair da posição de mero espectador para gerenciar a nossa “pegada ecológica”.
Gestos simples, como fazer fogueiras em nossa casa, ou deixar matéria orgânica se acumular ou até mesmo uma linda bromélia que se cultiva servindo de morada para vetores de doenças, podem ter implicações desastrosas.
No entanto, O Efeito Dos Pequenos Gestos não objetiva passar uma visão ‘nostradâmica’, ao contrário, trata-se de um processo de conscientização numa narrativa que prende o leitor e o desperta para o seu papel de integrante ativo do ecossistema que ele ocupa.