
Com o presente trabalho, investigamos a presença da cólera-morbo na Província do Espírito Santo, no século XIX, e os reflexos que essa epidemia produziu localmente.
Diante do amplo escopo que se abre para compreender a passagem da cólera pela Província do Espírito Santo no momento da ocorrência da epidemia, optamos por centrar o foco do estudo em determinados aspectos, tais como: a gênese da cólera e os caminhos percorridos, as representações, as atitudes e as respostas que a população local deu à moléstia, a ação do Estado para deter os avanços da doença, os impactos na economia, o índice de mortalidade e os estratos sociais mais atingidos pela doença.
Assim como ocorre na atualidade, as epidemias sempre assolaram a humanidade. A cólera, na Província do Espírito Santo, no século XIX, foco do nosso estudo, foi um terrível flagelo que, temos como pressuposto, provocou a despopulação, interferiu na vida econômica da província, determinou ações do Estado na área da saúde pública no intuito de deter o avanço dessa epidemia.
Em uma investigação norteada pelos princípios metodológicos do
indiciarismo de Carlo Ginzburg (1989) e fundamentado em pistas presentes nos fragmentos da documentação pesquisada, buscamos compreender: como foi vivida a passagem da cólera; que representação a população fazia dessa moléstia; como essa doença era compreendida pela Igreja, médicos, curandeiros e pela população; qual o impacto social e econômico vivenciado com essa epidemia; e quais ações foram implementadas pelas autoridades governamentais.
A partir das pistas, buscamos evidenciar desvelamentos das relações sociais, observando o que pensavam e como viviam os diferentes grupos sociais.
Ao relacionarmos tantas possibilidades, não estamos afirmando que desejamos conhecer a vida dos grupos sociais na sua totalidade, antes queremos perceber a alteridade do passado, destacando uma das muitas possíveis interpretações daquele passado.
