
Este livro reúne uma coletânea de contos, subgênero literário de lendas urbanas, tendo como premissa a união de um elemento sobrenatural com o espaço físico do Campus Realeza, cenário em que ocorrem as histórias, os relatos e as propostas ficcionais de várias pessoas da comunidade acadêmica (alunos, técnicos, funcionários terceirizados e docentes).
Todo espaço, seja onde habita ou trabalha uma comunidade, seja uma região com múltiplos grupos, pode se tornar cenário de histórias. Como cada um vive e sente de uma maneira particular, sua interpretação dos acontecimentos e do ambiente está ligada à sua bagagem histórica e cultural.
Toda pessoa, independentemente de sua origem, crença ou formação, desenvolve-se em torno de narrativas. Quando criança, desenvolve-se a imaginação a partir das histórias que se ouve dos familiares e dos professores e, mesmo quando adulto, pode-se escapar da realidade cotidiana na forma de livros, filmes, músicas, piadas.
Este livro nasceu, então, de uma inquietação embebida nesse jogo duplo. A proposta era exercitar a criatividade, inserindo personagens e elementos sobrenaturais, ou, pelo menos, inexplicáveis, na rotina e nos ambientes do Campus Realeza.
Professores e técnicos olharam para além do local de trabalho, afastando o véu do cotidiano trivial e enxergando outra dimensão, mais fluida e mais ampla. Alunos descobriram caminhos imprevistos, mostrando seres subterrâneos emergindo do crepúsculo. Vigilantes compartilharam experiências das horas neutras da madrugada, quando a escuridão revela aquilo que a luz esconde.
As lendas urbanas pertencem a um gênero fronteiriço, pois transitam da realidade à ficção, acontecendo com uma terceira pessoa (um primo de um amigo, um conhecido).
O elemento de suspense ou horror, algo recorrente nesses textos, ganha profundidade e surpresa quando ocorre a reviravolta final. Por certo que nenhum desses contos pretende afastar as pessoas dos espaços do campus, antes se deseja que cada árvore, cada porta, cada sala seja uma via de estímulo à imaginação de todos.
E que compartilhem histórias e visões, pois é desse modo que uma das mais tradicionais e antigas formas de literatura se atualiza e se mantém viva: a literatura oral, contada pelos antepassados à beira da fogueira ou em rodas de chimarrão.
Todas essas lendas urbanas da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) aconteceram de verdade, pelo menos na imaginação de quem a contou e escreveu, e de quem a ouviu e leu…
