A publicação é resultado do “FormAção”, um processo formativo voltado a lideranças comunitárias do Amapá (FormAção), desenvolvido em 2015 pelo IEB.
O conteúdo reúne as potencialidades, ameaças e desafios socioambientais do estado. Ao mesmo tempo, lança reflexões sobre o papel dos sujeitos políticos locais, a importância da luta coletiva e do olhar crítico sobre o modelo de desenvolvimento da região.
A aproximação com a realidade do Amapá, principalmente pelo contato com lideranças da sociedade civil e membros de organizações cujas bases são formadas por agricultores familiares e agroextrativistas com atuação nos assentamentos da reforma agrária, nos conselhos das Unidades de Conservação (UCs) e nas Escolas Famílias Agrícolas (EFAs), nos permite afirmar que a atuação das organizações ocorre num contexto marcado por grandes desafios para as populações do campo amapaense.
Tais desafios, que também se expressam em outros territórios, resultam de um novo ciclo de desenvolvimento econômico que ganha força nos últimos anos no Brasil induzida pelo Estado quando este proporciona a infraestrutura para o fortalecimento de cadeias produtivas do capital privado.
Uma das pontas de lança desse modelo é a hiper-exploração da Amazônia Legal, considerada como a última fronteira de expansão do capitalismo.
O que está em jogo é a extração de recursos naturais em larga escala, com uma lógica produtiva que não aponta para a sustentabilidade, ao contrário, gera impactos socioambientais gravíssimos para a região, seus povos e comunidades tradicionais.
O estado do Amapá, que tem a maior taxa de conservação florestal do país, se converte na principal fronteira para a expansão de dinâmicas de desenvolvimento que já causaram degradação em outras regiões, como o exemplo emblemático do Pará.
Diante desse cenário, o IEB, no intuito de buscar instrumentos capazes de auxiliar na defesa dos direitos das populações agroextrativistas e da agricultura familiar do Amapá, principais impactadas com a redução da floresta e o desmatamento, elaborou esta plataforma.
Ela reflete as questões e as problemáticas socioambientais vivenciadas por essas comunidades rurais.
A expectativa é que sirva de referência na definição de uma forma de atuação conjunta em torno de uma agenda socioambiental positiva, fundada na convergência entre crescimento econômico com sustentabilidade e garantia de direitos ao público da agricultura familiar do Amapá.