Incertas Noites De Paris

Incertas Noites De Paris investiga o exercício romanesco de Roland Barthes, no qual vida, leitura e escritura não se dissociam.

Já faz um bom tempo que escrevi esse ensaio, ele é dos anos 90, de 1996, para ser mais exata. Antes mesmo de recomeçar a relê-lo, ou lê-lo, talvez fosse mais apropriado dizer, já que dele me afastei temporalmente, eu me perguntei se o que escrevi ainda faria algum sentido hoje para mim, mas não só, se faria algum sentido transmitir aos outros o que escrevi.

Fiquei surpresa ao me deparar com os rastros de escritura deixados, que, já naquela época, evidenciavam uma predileção pela forma ensaio, que hoje me é tão cara. Afeito menos a convicções do que a sugestões, de modo abrupto e, decerto, sumário demais, eu diria que o gênero ensaio permite que o pensamento não preexista à escritura.

Ao contrário, um modo de pensar vai brotando junto com ela, e avança destemido por caminhos incertos, mas pressentidos como promissores. Aos poucos, a escritura vai encontrando sua forma de dizer, em provisórios bocados de significações.

Neste ensaio, o que mais me interessava era selecionar algumas pistas textuais nos escritos de Roland Barthes, que, para mim, pareciam despontar como escoadouro de um exercício romanesco, que vinha sendo ativado através de sua vida inteira, em que leitura, crítica e escritura não se dissociam.

Elegi, como uma espécie de vaga âncora disparadora, Noites de Paris, páginas inseridas em um pequeno livro, cujo título é Incidentes, seu último livro. O que me arrebatou nestas páginas, nestes escritos breves – reunidos de agosto de 1979 a setembro de 1979 – e que, agora, chamarei de instantâneos biográficos, mas que intimidade alguma se revelaria, sabemos que Barthes é um trapaceiro – é a vida ordinária, emaranhada em fios, que ele vai puxando ao longo desses triviais e encantadores encontros noturnos com amigos, com homens que deseja, com a literatura, com ele mesmo.

E certamente nós, os leitores, acabamos por ser capturados por essa atmosfera de sedução em voz baixa, que o autor instaura com sua escritura romanesca.

Confesso que, em meu íntimo, cultivo uma pretensão: a de que o leitor se entusiasme com essas páginas e as leia com a curiosidade e desenvoltura, que devotamos às páginas de livros de ficção.

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Incertas Noites De Paris investiga o exercício romanesco de Roland Barthes, no qual vida, leitura e escritura não se dissociam.

Já faz um bom tempo que escrevi esse ensaio, ele é dos anos 90, de 1996, para ser mais exata. Antes mesmo de recomeçar a relê-lo, ou lê-lo, talvez fosse mais apropriado dizer, já que dele me afastei temporalmente, eu me perguntei se o que escrevi ainda faria algum sentido hoje para mim, mas não só, se faria algum sentido transmitir aos outros o que escrevi.

Fiquei surpresa ao me deparar com os rastros de escritura deixados, que, já naquela época, evidenciavam uma predileção pela forma ensaio, que hoje me é tão cara. Afeito menos a convicções do que a sugestões, de modo abrupto e, decerto, sumário demais, eu diria que o gênero ensaio permite que o pensamento não preexista à escritura.

Ao contrário, um modo de pensar vai brotando junto com ela, e avança destemido por caminhos incertos, mas pressentidos como promissores. Aos poucos, a escritura vai encontrando sua forma de dizer, em provisórios bocados de significações.

Neste ensaio, o que mais me interessava era selecionar algumas pistas textuais nos escritos de Roland Barthes, que, para mim, pareciam despontar como escoadouro de um exercício romanesco, que vinha sendo ativado através de sua vida inteira, em que leitura, crítica e escritura não se dissociam.

Elegi, como uma espécie de vaga âncora disparadora, Noites de Paris, páginas inseridas em um pequeno livro, cujo título é Incidentes, seu último livro. O que me arrebatou nestas páginas, nestes escritos breves – reunidos de agosto de 1979 a setembro de 1979 – e que, agora, chamarei de instantâneos biográficos, mas que intimidade alguma se revelaria, sabemos que Barthes é um trapaceiro – é a vida ordinária, emaranhada em fios, que ele vai puxando ao longo desses triviais e encantadores encontros noturnos com amigos, com homens que deseja, com a literatura, com ele mesmo.

E certamente nós, os leitores, acabamos por ser capturados por essa atmosfera de sedução em voz baixa, que o autor instaura com sua escritura romanesca.

Confesso que, em meu íntimo, cultivo uma pretensão: a de que o leitor se entusiasme com essas páginas e as leia com a curiosidade e desenvoltura, que devotamos às páginas de livros de ficção.

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