A Religiosidade Brasileira E A Filosofia

A religião e a filosofia têm uma longa história de amizade e de antagonismo mútuos. Uma história que podemos buscar muito antes do Cristianismo tornar-se a religião da maioria dos ocidentais.

Lembramos que é entre os séculos VI e o IV a. C., na Grécia, que vimos surgir um tipo de discurso, uma conversação pública, que passou a ser chamada de filosofia, da amizade dos sábios, da amizade pela sabedoria. Há de se sublinhar que tal discurso não estava plenamente desapegado da Religião da Cidade. Porém, são os últimos dois mil anos, aproximadamente, que esta intricada relação se torna próxima e instigante para muitos de nós, de maneiras distintas daquelas dos gregos.
De passagem, e apenas como nota, devemos salientar que não existe “a religião” e “a filosofia”, mas religiões e conversações entre amigos da sabedoria, permitindo, assim, que inúmeras relações possam surgir desta multiplicidade. As relações entre religiões e filosofias nestes vinte séculos, que despertam interesse a alguns de nós, se tornam ainda mais complexas, tanto mais quando percebemos o longo trabalho de synkrasis produzida por certos cristianismos, ao buscarem realizar uma mistura entre o pensamento dos filósofos gregos, os escritos sagrados dos judeus, a cultura romana e os evangelhos e cartas trocadas entre os primeiros cristãos.
Grosso modo, falar de religiões e filosofias é falar das misturas de ingredientes, nem sempre claras e distintamente identificáveis.
Uma vez processada certa mistura, ainda que não estabilizada, o trabalho de segregação, de separação das partes misturadas, torna-se quase impossível. Trabalho assemelhado àquele do Mito de Sísifo, o qual fora obrigado pelos deuses a mover uma grande pedra desde a base até o topo da montanha, contudo, ao atingir o cume do monte, a rocha rola até a base, exigindo que retornasse a seu castigo eterno, o de conduzi-la montanha acima. Em particular, a filosofia moderna, aquela que tem em Descartes um patrono privilegiado, diz buscar libertar-se dos limites impostos pela teologia, segundo advogam seus filósofos. Não nos esquecendo que foi Platão, em A República, quem cunhou o verbete “teologia”. Mas este esforço de libertação da modernidade, poderemos dizer, permite-nos certa caracterização pela busca da autonomia humana, contra uma ordem que seria imposta desde fora de um mundo humanamente produzido pelo e para os humanos, que chamamos de heteronomia.

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