As primeiras linhas de As agruras do verdadeiro tira, em que Joan Padilla classifica os poetas entre heterossexuais, homossexuais e bissexuais – ou mais precisamente entre bichas, bichonas, bichorras e viados – remete ao irrepreensível Os detetives selvagens e à “palestra” de Ernesto San Epifanio, durante a festa de Catalina O’Hara, sobre a sexualidade dos poetas. E uma ponte interessante entre 2666 e este exemplar é o manicômio Mondragón, citado por pessoas bem próximas de Amalfitano, como também os assassinatos no deserto de Sonora. O humor de Bolaño permeia todo o livro, ora com brincadeiras jocosas com os amigos de profissão, como Vargas Llosa e Enrique Vila-Matas, ora com pequenas alfinetadas e zombarias sobre universidades e docentes. O lado crítico do autor é bem pertinente, como no nome J. M. G. Arcimboldi, uma evidente homenagem a Jean-Marie Gustave Le Clézio. O autor, de quem Amalfitano é fã, possui uma vasta obra literária de grande qualidade, mas demora décadas para ser reconhecido como um verdadeiro e indelével gênio. Le Clézio, na época em que As agruras do verdadeiro tira foi escrito – entre 1980 e 2003 -, não havia recebido o Nobel, o que fez Bolaño perder a fé em prêmios literários. Será que o chileno recuperaria o alento após o resultado da academia sueca em 2008?
As Agruras Do Verdadeiro Tira
- Literatura Estrangeira
- 8 Visualizações
- Nenhum Comentário
Link Quebrado?
Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.