Movimentos Da Hesitação

Movimentos Da Hesitação aborda um funcionamento hesitativo bastante frequente no discurso de sujeitos com doença de Parkinson: os deslizamentos do dizer em contexto fonético-fonológico recorrente.


Nosso interesse mais particularizado pelo estudo desse funcionamento das hesitações ou, de modo mais amplo, pelo estudo das próprias hesitações, resultou, primeiramente, do fato de nos situarmos em um lugar que consideramos privilegiado para a observação de questões mais gerais de linguagem, e, de modo mais específico, de suas características em sujeitos parkinsonianos: o lugar da interseção entre os campos de conhecimento da Fonoaudiologia e da Linguística. Situados nesse lugar, nosso interesse acabou voltando-se para a observação empírica e teórica dessas questões.
Em nosso contato cotidiano com questões de linguagem (clínicas e teóricas), no qual defrontamos com a interseção desses dois campos, o teórico e o empírico, temos constatado que as hesitações são bastante frequentes nos enunciados falados de parkinsonianos. A literatura (biomédica), ao explicar teoricamente seu funcionamento nesses enunciados, considera que são decorrentes sobretudo de aspectos orgânicos alterados pela doença.
Situados, no entanto, justamente na interseção entre a Fonoaudiologia e a Linguística, inquietou-nos esse entendimento da literatura biomédica e nos questionamos: Seriam de fato os aspectos orgânicos os únicos a explicar a singular ocorrência dessas hesitações no discurso de sujeitos parkinsonianos?
De antemão, antecipamos ao leitor que nossa resposta a essa questão é negativa. Especialmente porque as hesitações se caracterizam por serem, antes e acima de tudo, um fenômeno da linguagem. Mostram-se presentes quando a linguagem é adquirida, ocorrem durante o seu funcionamento, considerado normal, nos adultos, e, muitas vezes, potencializam-se em sua dissolução, como acontece no caso dos problemas decorrentes da doença de Parkinson. Explicar, portanto, seu funcionamento no discurso de sujeitos parkinsonianos supõe levar em consideração não apenas a ação dos aspectos orgânicos envolvidos na doença, mas também, e principalmente, os aspectos linguístico-discursivos.
E foi justamente essa a nossa proposta ao desenvolvermos o estudo que resultou neste livro. Ao buscarmos as características do funcionamento hesitativo deslizamentos do dizer em contexto fonético-fonológico recorrente no discurso de um sujeito parkinsoniano – o qual identificaremos como NL –, apoiamo-nos essencialmente em trabalhos de base linguístico-discursiva, segundo os quais as hesitações seriam marcas, no discurso, de momentos mais turbulentos da negociação entre o sujeito que se mostra no discurso e os outros que o constituem (tanto o sujeito quanto o discurso) como tal.

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Em nosso contato cotidiano com questões de linguagem (clínicas e teóricas), no qual defrontamos com a interseção desses dois campos, o teórico e o empírico, temos constatado que as hesitações são bastante frequentes nos enunciados falados de parkinsonianos. A literatura (biomédica), ao explicar teoricamente seu funcionamento nesses enunciados, considera que são decorrentes sobretudo de aspectos orgânicos alterados pela doença.
Situados, no entanto, justamente na interseção entre a Fonoaudiologia e a Linguística, inquietou-nos esse entendimento da literatura biomédica e nos questionamos: Seriam de fato os aspectos orgânicos os únicos a explicar a singular ocorrência dessas hesitações no discurso de sujeitos parkinsonianos?
De antemão, antecipamos ao leitor que nossa resposta a essa questão é negativa. Especialmente porque as hesitações se caracterizam por serem, antes e acima de tudo, um fenômeno da linguagem. Mostram-se presentes quando a linguagem é adquirida, ocorrem durante o seu funcionamento, considerado normal, nos adultos, e, muitas vezes, potencializam-se em sua dissolução, como acontece no caso dos problemas decorrentes da doença de Parkinson. Explicar, portanto, seu funcionamento no discurso de sujeitos parkinsonianos supõe levar em consideração não apenas a ação dos aspectos orgânicos envolvidos na doença, mas também, e principalmente, os aspectos linguístico-discursivos.
E foi justamente essa a nossa proposta ao desenvolvermos o estudo que resultou neste livro. Ao buscarmos as características do funcionamento hesitativo deslizamentos do dizer em contexto fonético-fonológico recorrente no discurso de um sujeito parkinsoniano – o qual identificaremos como NL –, apoiamo-nos essencialmente em trabalhos de base linguístico-discursiva, segundo os quais as hesitações seriam marcas, no discurso, de momentos mais turbulentos da negociação entre o sujeito que se mostra no discurso e os outros que o constituem (tanto o sujeito quanto o discurso) como tal.

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