A Religião Como Instrumento Da Política analisa as relações atuais entre religião e política, e investiga como a política se utiliza dos discursos religiosos que abrigam certa moralidade, retóricas e crenças religiosas que minam o avanço de questões que afetam o bem comum na esfera pública.
Critica, assim, a utilização da política para fins religiosos e discute a religião como instrumento da política.
Iniciamos o nosso trabalho a começar das trilhas deixadas pelo pensamento político de Nicolau Maquiavel (1469–1527), pois sua perspectiva de análise em torno da religião como um dos temas fundamentais de seu pensamento nos parece imprescindível.
É neste sentido que a religião apresenta-se como um elemento indispensável para a compreensão das relações entre as esferas humana e política.
Não é por acaso que Maquiavel já analisava a religião como um instrumento da política, exemplificando com o Frei Savonarola, uma liderança religiosa que promoveu mudanças sociais e políticas, a partir de um comportamento que colabora como mecanismo de dominação e coerção social.
Maquiavel pensou uma diferenciação entre a moralidade pagã antiga e a cristã e, assim dissocia o poder político da ética cristã, efetuando uma nova ética laica e prática, dentro da virtú antiga.
Deste modo, encontramos desde Maquiavel até hoje, argumentos que justificariam uma imbricação entre a religião e a política no mundo contemporâneo.
Concluímos com a contribuição de Habermas que todos os sujeitos podem participar nas sociedades secularizadas com discurso em pé de igualdade e devem fazê-lo de modo consciente e livre.
As Igrejas não podem ser marginalizadas e nem excluídas do discurso público, mas parece necessário que as Igrejas saibam dialogar utilizando os princípios democráticos e concordando com as premissas do Estado Constitucional e autônomo.
A religião, assim compreendida, é um instrumento altamente poderoso para a realização da política.