A saúde coletiva é fruto dos desdobramentos do movimento pela Reforma Sanitária, desencadeada juntamente com outros movimentos iniciados na década de 70, em favor da democratização do País e da melhoria dos indicadores sociais e econômicos, dentre eles, os de saúde. Nasce, assim, no contexto da luta pela dignidade e defesa da vida e da cidadania da população brasileira.
No bojo desses movimentos, é que as propostas do setor saúde se consolidam, principalmente a partir da VIII Conferência Nacional de Saúde realizada em 1986, quando emerge, com vigor, a saúde coletiva e as formulações e propostas que vão dar base e sustentação para a criação de um Sistema Único de Saúde em nosso país.
É sempre importante frisar que a saúde coletiva tem se constituído num campo aberto a tensões epistemológicas e às práticas interdisciplinares, às intervenções intersetoriais distintas e complexas, a partir dos modelos de políticas, sociedade e saúde que se produzem cotidianamente na sociedade brasileira.
Saúde Coletiva: Coletâneas trata, portanto, da diversidade e complexidade da área, ao apresentar e aprofundar conceitos e reflexões essenciais ao campo de conhecimento das práticas da saúde coletiva e do Sistema Único de Saúde.
Permite, por meio dos vários textos, ampliar nosso olhar sobre os limites, avanços, complexidades e contradições da saúde coletiva e as implicações dos equívocos na formulação e execução das políticas públicas.
A nossa intenção não foi organizar os textos por tema, mas tentar mostrar interconexões possíveis, por entender que são temas inesgotáveis que sempre apresentam novas respostas, interrogações e perplexidades.
Mas que isso, para que possamos refletir sobre a saúde coletiva e o SUS, enfim, sobre a sociedade brasileira, no que tem de superação e agravamento das condições de vida dos cidadãos que aqui nascem, vivem e morrem.
Nesse sentido, Saúde Coletiva: Coletâneas está organizado em nove capítulos distintos que tratam de temas relacionados com a formulação e organização de políticas nas áreas de drogas, doenças crônicas transmissíveis e não transmissíveis, saúde do trabalhador, vigilância sanitária, relações profissionais e organização de serviços.
Todos os temas são importantes e fundamentais para aqueles que, de diferentes maneiras, estão implicados na produção do cuidado e na construção do SUS.