Artes Em Educação Matemática

A coletânea Artes Em Educação Matemática evidencia questão fundamental: o reconhecimento do valor da estética na construção de processos formativos.

Dentre as várias frases célebres de Vinicius de Moraes, uma chama atenção de modo especial: “A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”.

O leitor poderá se espantar diante deste início de Prefácio e questionar algo como: mas não se trata de escritos dedicados à educação matemática? Vinicius? Poesia?

À questões desta natureza é que cumpre frisar: a obra não trata de educação matemática, mas sim de propostas de vivência da educação matemática em forte diálogo com as artes.

Dito isso, há de se reconhecer que essa coletânea é expressão do encontro entre matemáticas e artes, em sentido amplo.

A partir deste eixo central, entretanto, notam-se ainda outros encontros: pesquisadores de diferentes Instituições de Ensino Superior; pesquisadores de diferentes gerações e nacionalidades; além de pesquisadores com temas e bases teóricas variadas.

Conhecimento científico dos mais antigos, puderam os pesquisadores dedicados à matemática construir um campo específico de pesquisa e de formação docente.

Os autores reunidos nesta obra confirmam esse fato e o traduzem ao seu modo, quando indicam que assuntos próprios desse campo podem (e devem) ser construídos a partir da música, pintura, jogo, literatura, cinema, arquitetura, vídeo, fotografia e teatro.

O resultado desse encontro evidencia questão fundamental (não apenas para a educação matemática): o reconhecimento do valor da estética na construção de processos formativos.

De origem grega (aisthetiké), estética aqui evoca sentido que lhe foi modernamente atribuído, pois não se trata de dizer idealmente do belo e do verdadeiro, mas da força e impacto construtivos advindos da catarse (e da possibilidade de deslocamento que inaugura), do efêmero (tratado em sua densidade temporal) e do assombro (enquanto força que surpreende).

Assim, os textos agrupados envolvem grande modificação epistemológica, pois o conhecimento que expressam se baseia em termos como: experiência, sentidos, sensações, gosto, especulação e interpretação.

Na mesa das tradições, a opção é por Baudelaire e não por Platão, visto que o cotidiano é encarado como repleto de possibilidades, como sendo complexo e cujo entendimento requer razão e sensibilidade.

Daí, os autores abrirem mão de pré-conceitos, ao lidarem com assuntos que partem da cultura popular (cordel, indígenas e quilombolas, por exemplo), passam pela indústria cultural (Thirty Seconds to Mars, de modo especial) e alcançam a alta cultura (Mondrian e Bach, entre outros).

Desse movimento, resulta o aceite em desenhar o campo da educação matemática, esgarçando-o, por meio da acolhida da modernidade e da pluralidade que a constitui.

Links para Download

Link Quebrado?

Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.

Deixe seu comentário

Mais Lidos

Blog

Artes Em Educação Matemática

A coletânea Artes Em Educação Matemática evidencia questão fundamental: o reconhecimento do valor da estética na construção de processos formativos.

Dentre as várias frases célebres de Vinicius de Moraes, uma chama atenção de modo especial: “A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”.

O leitor poderá se espantar diante deste início de Prefácio e questionar algo como: mas não se trata de escritos dedicados à educação matemática? Vinicius? Poesia?

À questões desta natureza é que cumpre frisar: a obra não trata de educação matemática, mas sim de propostas de vivência da educação matemática em forte diálogo com as artes.

Dito isso, há de se reconhecer que essa coletânea é expressão do encontro entre matemáticas e artes, em sentido amplo.

A partir deste eixo central, entretanto, notam-se ainda outros encontros: pesquisadores de diferentes Instituições de Ensino Superior; pesquisadores de diferentes gerações e nacionalidades; além de pesquisadores com temas e bases teóricas variadas.

Conhecimento científico dos mais antigos, puderam os pesquisadores dedicados à matemática construir um campo específico de pesquisa e de formação docente.

Os autores reunidos nesta obra confirmam esse fato e o traduzem ao seu modo, quando indicam que assuntos próprios desse campo podem (e devem) ser construídos a partir da música, pintura, jogo, literatura, cinema, arquitetura, vídeo, fotografia e teatro.

O resultado desse encontro evidencia questão fundamental (não apenas para a educação matemática): o reconhecimento do valor da estética na construção de processos formativos.

De origem grega (aisthetiké), estética aqui evoca sentido que lhe foi modernamente atribuído, pois não se trata de dizer idealmente do belo e do verdadeiro, mas da força e impacto construtivos advindos da catarse (e da possibilidade de deslocamento que inaugura), do efêmero (tratado em sua densidade temporal) e do assombro (enquanto força que surpreende).

Assim, os textos agrupados envolvem grande modificação epistemológica, pois o conhecimento que expressam se baseia em termos como: experiência, sentidos, sensações, gosto, especulação e interpretação.

Na mesa das tradições, a opção é por Baudelaire e não por Platão, visto que o cotidiano é encarado como repleto de possibilidades, como sendo complexo e cujo entendimento requer razão e sensibilidade.

Daí, os autores abrirem mão de pré-conceitos, ao lidarem com assuntos que partem da cultura popular (cordel, indígenas e quilombolas, por exemplo), passam pela indústria cultural (Thirty Seconds to Mars, de modo especial) e alcançam a alta cultura (Mondrian e Bach, entre outros).

Desse movimento, resulta o aceite em desenhar o campo da educação matemática, esgarçando-o, por meio da acolhida da modernidade e da pluralidade que a constitui.

Link Quebrado?

Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.

Deixe seu comentário

Pesquisar

Mais Lidos

Blog