Em Liberdade Hipotecada autor realiza uma detalhada análise da repercussão do processo de independência cubana na imprensa brasileira, por meio do exame dos periódicos “Jornal do Commercio” e “O Estado de S. Paulo” no período compreendido entre 1895 e 1902. Os posicionamentos e opiniões emitidos pelos jornais foram observados a partir de uma perspectiva comparada e com base na configuração política e ideológica de cada veículo.
Liberdade Hipotecada também investiga, ainda levando em conta o posicionamento desses jornais, as propostas ou opiniões acerca da inserção do Brasil no âmbito das relações políticas internacionais, sobretudo no que diz respeito aos Estados Unidos. À época, este país começavam a despontar como uma das grandes potências políticas e econômicas do planeta e a consolidar um papel hegemônico nas Américas.
O uso dos jornais como fonte histórica foi, por muito tempo, questionado por sua falta de objetividade e pelo uso instrumental e ingênuo que tomava os periódicos como meros receptáculos de informação a serem selecionadas, extraídas e utilizadas “ao bel-prazer do pesquisador”. Essa caracterização da imprensa sofreu um deslocamento fundamental na década de 1970, na medida em que o próprio jornal tornou-se objeto da pesquisa histórica. Assim, definiram-se na relação da História com a imprensa dois campos de estudo: “História da Imprensa” e “História Através da Imprensa”. O primeiro tem como objetivo reconstruir o processo histórico dos órgãos de comunicação determinando suas principais características e formas de atuação. O segundo, por sua vez, refere-se a trabalhos que utilizam a imprensa como fonte primária para a pesquisa. Liberdade Hipotecada insere-se na segunda modalidade, contudo, não podemos deixar de aproveitar os pressupostos do campo da “História da Imprensa”, pois é impossível a utilização de periódicos como fontes sem o conhecimento de sua história, seu posicionamento político, suas vinculações e seus interesses,
A história da independência cubana é a mais longa do continente, e uma das mais dramáticas: Cuba chegou tarde à independência, em comparação com os outros países hispano-americanos e mesmo assim não a conquistou por completo, pois ficou por um longo período sob a tutela política dos Estados Unidos.
O extenso processo de independência de Cuba culminou com mudanças importantes para a América Latina, marcando o fim da presença colonial espanhola no continente e abrindo caminho para uma nova fase da política externa dos EUA para a região, de caráter francamente imperialista.
Liberdade Hipotecada
- Ciências Sociais, Comunicação, História
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