A Fala Sagrada

A Fala Sagrada: Mitos E Cantos Sagrados Dos Índios Guarani - Bela linguagem, fala sagrada, agradável ao ouvido dos divinos, que as consideram dignas de si.

As Belas Palavras: assim os índios guarani denominam as palavras que lhes servem para se dirigir a seus deuses. Bela linguagem, fala sagrada, agradável ao ouvido dos divinos, que as consideram dignas de si.

Rigor de sua beleza na boca dos sacerdotes inspirados que as pronunciam; embriaguez de sua grandeza no coração dos homens e das mulheres que os escutam.

Essas ñ'ë porä, essas Belas Palavras, ecoam ainda nos lugares mais secretos da floresta que, desde sempre, abriga aqueles que, autonomeando-se, Ava, os Homens, se afirmam assim depositários absolutos do humano.

Homens verdadeiros portanto e, exacerbados por um orgulho heróico, eleitos dos deuses, marcados pelo sinal do divino, esses que se dizem igualmente os Teguakava, os Adornados.

As plumas das coroas que ornam suas cabeças murmuram ao ritmo da dança celebrada em homenagem aos deuses. A coroa reproduz a chamejante cabeleira do grande deus Ramandu.

Quem são os guarani? Da grande nação cujas tribos, na amora do século XVI, contavam seus membros às centenas de milhares, só subsistem ruínas hoje em dia: talvez cinco ou seis mil índios, dispersas em minúsculas comunidades que tentam sobreviver à margem do mundo branco.

Estranha existência a deles. Agricultores de queimada, a mandioca e o milho de suas plantações asseguram-lhes, bem ou mal, sua subsistência. E, quando precisam de dinheiro, alugam seus braços aos ricos exploradores madeireiros da região.

Uma vez decorrido o tempo necessário à aquisição da soma desejada, voltam silenciosamente às estreitas trilhas que se perdem no fundo da floresta.

Pois a verdadeira vida dos índios guarani desenrola-se não às margens do mundo branco mas muito mais longe, onde continuam a reinar os antigos deuses, onde nenhum olhar profanador do estrangeiro de boca grande corre o risco de alterar a majestade dos ritos.

Poucos povos testemunham uma religiosidade tão intensamente vivida, vínculos tão profundos aos cultos tradicionais, vontade tão férrea de manter em segredo a parte sagrada de seu ser.

Às investidas ora mal-sucedidas, ora brutais dos missionários opõem sempre uma recusa arrogante: "Guardem seu Deus! Temos os nossos!"

https://iieb.org.br/wp-content/uploads/2019/02/Livro_SFX_WEB_reduzido.pdf

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As Belas Palavras: assim os índios guarani denominam as palavras que lhes servem para se dirigir a seus deuses. Bela linguagem, fala sagrada, agradável ao ouvido dos divinos, que as consideram dignas de si.

Rigor de sua beleza na boca dos sacerdotes inspirados que as pronunciam; embriaguez de sua grandeza no coração dos homens e das mulheres que os escutam.

Essas ñ’ë porä, essas Belas Palavras, ecoam ainda nos lugares mais secretos da floresta que, desde sempre, abriga aqueles que, autonomeando-se, Ava, os Homens, se afirmam assim depositários absolutos do humano.

Homens verdadeiros portanto e, exacerbados por um orgulho heróico, eleitos dos deuses, marcados pelo sinal do divino, esses que se dizem igualmente os Teguakava, os Adornados.

As plumas das coroas que ornam suas cabeças murmuram ao ritmo da dança celebrada em homenagem aos deuses. A coroa reproduz a chamejante cabeleira do grande deus Ramandu.

Quem são os guarani? Da grande nação cujas tribos, na amora do século XVI, contavam seus membros às centenas de milhares, só subsistem ruínas hoje em dia: talvez cinco ou seis mil índios, dispersas em minúsculas comunidades que tentam sobreviver à margem do mundo branco.

Estranha existência a deles. Agricultores de queimada, a mandioca e o milho de suas plantações asseguram-lhes, bem ou mal, sua subsistência. E, quando precisam de dinheiro, alugam seus braços aos ricos exploradores madeireiros da região.

Uma vez decorrido o tempo necessário à aquisição da soma desejada, voltam silenciosamente às estreitas trilhas que se perdem no fundo da floresta.

Pois a verdadeira vida dos índios guarani desenrola-se não às margens do mundo branco mas muito mais longe, onde continuam a reinar os antigos deuses, onde nenhum olhar profanador do estrangeiro de boca grande corre o risco de alterar a majestade dos ritos.

Poucos povos testemunham uma religiosidade tão intensamente vivida, vínculos tão profundos aos cultos tradicionais, vontade tão férrea de manter em segredo a parte sagrada de seu ser.

Às investidas ora mal-sucedidas, ora brutais dos missionários opõem sempre uma recusa arrogante: “Guardem seu Deus! Temos os nossos!”

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