Hibridismo Cultural

Em uma discussão recente da posmodernidade, o historiador britânico Perry Anderson descreve a tendência do período em que vivemos de "celebrar o crossover, o híbrido, o pot-pourri".

Para ser mais exato, algumas pessoas - como o escritor anglo-indiano Salman Rushdie em seus Versos satânicos - louvam estes fenômenos enquanto outras os temem ou os condenam.
A reprovação procede, deve-se acrescentar, de diferentes posturas políticas, já que dentre os críticos do hibridismo encontramos fundamentalistas muçulmanos, segregacionistas brancos e separatistas negros.
Um dos sinais do clima intelectual de nossa época é 0 uso crescente do termo "essencialismo" como um modo de criticar o oponente em todo tipo de discussão.
Nações, classes sociais, tribos e castas têm todos sido "descontruídos" no sentido de serem descritos como entidades falsas. Um exemplo inusitadamente sofisticado dessa tendência é  o livro Logiques métisses, do antropólogo francês Jean-Loup Amselle. Amselle, especialista em África Ocidental, defende que não existem coisas como tribos, como os fulas ou os bambaras.
Não existe uma fronteira cultural nítida ou firme entre grupos, e sim, pelo contrário, um continuum cultural. Os linguistas há muito vêm defendendo o mesmo ponto de vista a respeito de línguas vizinhas como 0 holandês e 0 alemão. Na fronteira, é impossível dizer quando ou onde 0 termina holandês e começa o alemão.
A preocupação com este assunto é natural em um período como o nosso, marcado por encontros culturais cada vez mais frequentes e intensos. A globalização cultural envolve "hibridização''.
Por mais que reajamos a ela, não conseguimos nos livrar da tendência global para a mistura e a hibridização do curry com batatas fritas - recentemente eleito o prato favorito da Grã-Bretenha - as saunas tailandesas, ao judaísmo zen, ao Kung Fu nigeriano ou aos filmes de Bollywood (feitos em Bombaim e que misturam canções e danças tradicionais indianas com convenções hollywoodianas).
Este processo é particularmente óbvio no campo musical no caso de formas e gêneros híbridos coma o jazz, o reggae, a salsa ou o rock afro-celta mais recentemente.
Novas tecnologias, inclusive a "mesa de mixagem", obviamente facilitaram este tipo de hibridização.

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Em uma discussão recente da posmodernidade, o historiador britânico Perry Anderson descreve a tendência do período em que vivemos de “celebrar o crossover, o híbrido, o pot-pourri”. Para ser mais exato, algumas pessoas – como o escritor anglo-indiano Salman Rushdie em seus Versos satânicos – louvam estes fenômenos enquanto outras os temem ou os condenam.
A reprovação procede, deve-se acrescentar, de diferentes posturas políticas, já que dentre os críticos do hibridismo encontramos fundamentalistas muçulmanos, segregacionistas brancos e separatistas negros.
Um dos sinais do clima intelectual de nossa época é 0 uso crescente do termo “essencialismo” como um modo de criticar o oponente em todo tipo de discussão.
Nações, classes sociais, tribos e castas têm todos sido “descontruídos” no sentido de serem descritos como entidades falsas. Um exemplo inusitadamente sofisticado dessa tendência é  o livro Logiques métisses, do antropólogo francês Jean-Loup Amselle. Amselle, especialista em África Ocidental, defende que não existem coisas como tribos, como os fulas ou os bambaras.
Não existe uma fronteira cultural nítida ou firme entre grupos, e sim, pelo contrário, um continuum cultural. Os linguistas há muito vêm defendendo o mesmo ponto de vista a respeito de línguas vizinhas como 0 holandês e 0 alemão. Na fronteira, é impossível dizer quando ou onde 0 termina holandês e começa o alemão.
A preocupação com este assunto é natural em um período como o nosso, marcado por encontros culturais cada vez mais frequentes e intensos. A globalização cultural envolve “hibridização”.
Por mais que reajamos a ela, não conseguimos nos livrar da tendência global para a mistura e a hibridização do curry com batatas fritas – recentemente eleito o prato favorito da Grã-Bretenha – as saunas tailandesas, ao judaísmo zen, ao Kung Fu nigeriano ou aos filmes de Bollywood (feitos em Bombaim e que misturam canções e danças tradicionais indianas com convenções hollywoodianas).
Este processo é particularmente óbvio no campo musical no caso de formas e gêneros híbridos coma o jazz, o reggae, a salsa ou o rock afro-celta mais recentemente.
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