Achados Avulsos: Ensaios

No caso de Achados Avulsos, o gesto compilatório passa por três motivos: juntar ensaios esparsos publicados em anais de eventos.

Um volume como Achados Avulsos, de ensaios apresentados em congressos ao longo de anos

“faz crer que o autor coligiu vários escritos de ordem diversa para o fim de não os perder. A verdade é essa, sem ser bem essa. Avulsos são eles, mas não vieram para aqui como passageiros que acertam de entrar na mesma hospedaria. São pessoas de uma só família, que a obrigação do pai fez sentar à mesma mesa.”

A citação acima concerne à “Advertência” que Machado de Assis faz em Papeis Avulsos, em 1882, colocando questões caras à Teoria da Literatura e aos Estudos da Linguagem: o papel, aparentemente autônomo, do leitor, de atribuir sentido, a fluidez dos gêneros, o poder que emanaria da figura do autor, os fins que mobilizariam a pulsão da escrita.

No caso deste livro, o gesto compilatório passa por três motivos:
a) juntar ensaios esparsos publicados em anais de eventos, os quais acabam tendo pouca visibilidade em sites de busca, e pouco valem na corrida acadêmica;
b) perceber linhas de raciocínio na referida produção;
c) comemorar dez anos da publicação do primeiro texto. Emilio Renzi, nos seus diários, diz que gostaria de contar sua vida seguindo uma cena: as cicatrizes que cada leitura deixa, uma “intensidade visual”: uma vida seria as epifanias das leituras; ou ainda: reconstruir a vida a partir das estantes de livros que ele próprio, Renzi, o alter ego de Piglia, possuiu. Por conseguinte, dá para indagar que vida se escreve nos textos publicados.

Se o leitor pensa “Em ‘a’, ele abraça o capeta do produtivismo”, está certo em parte: a absolvição frente ao reproche passa pelo fato de que nas Humanidades, não raro, determinada filiação (a uma corrente crítica, por exemplo) acaba por determinar, a priori, o mérito de um texto.

Numa análise curricular para um certame, por exemplo, o número de artigos seria, pois, um critério menos enviesado para qualificar determinado pesquisador, em vez de julgá-lo previamente por ser marxista ou pós-estruturalista.

Em “b”, deixarei para que o leitor o faça. Saliento apenas que a escrita é um modo de lidar com a ansiogênese de um tempo acelerado e de um mundo caleidoscópico a nos seduzir a todo tempo pedindo, maroto, uma análise.

Assim como comemoro a publicação deste volume, saúdo-me com a leitura de quem por aqui passa.

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No caso de Achados Avulsos, o gesto compilatório passa por três motivos: juntar ensaios esparsos publicados em anais de eventos.

Um volume como Achados Avulsos, de ensaios apresentados em congressos ao longo de anos

“faz crer que o autor coligiu vários escritos de ordem diversa para o fim de não os perder. A verdade é essa, sem ser bem essa. Avulsos são eles, mas não vieram para aqui como passageiros que acertam de entrar na mesma hospedaria. São pessoas de uma só família, que a obrigação do pai fez sentar à mesma mesa.”

A citação acima concerne à “Advertência” que Machado de Assis faz em Papeis Avulsos, em 1882, colocando questões caras à Teoria da Literatura e aos Estudos da Linguagem: o papel, aparentemente autônomo, do leitor, de atribuir sentido, a fluidez dos gêneros, o poder que emanaria da figura do autor, os fins que mobilizariam a pulsão da escrita.

No caso deste livro, o gesto compilatório passa por três motivos:
a) juntar ensaios esparsos publicados em anais de eventos, os quais acabam tendo pouca visibilidade em sites de busca, e pouco valem na corrida acadêmica;
b) perceber linhas de raciocínio na referida produção;
c) comemorar dez anos da publicação do primeiro texto. Emilio Renzi, nos seus diários, diz que gostaria de contar sua vida seguindo uma cena: as cicatrizes que cada leitura deixa, uma “intensidade visual”: uma vida seria as epifanias das leituras; ou ainda: reconstruir a vida a partir das estantes de livros que ele próprio, Renzi, o alter ego de Piglia, possuiu. Por conseguinte, dá para indagar que vida se escreve nos textos publicados.

Se o leitor pensa “Em ‘a’, ele abraça o capeta do produtivismo”, está certo em parte: a absolvição frente ao reproche passa pelo fato de que nas Humanidades, não raro, determinada filiação (a uma corrente crítica, por exemplo) acaba por determinar, a priori, o mérito de um texto.

Numa análise curricular para um certame, por exemplo, o número de artigos seria, pois, um critério menos enviesado para qualificar determinado pesquisador, em vez de julgá-lo previamente por ser marxista ou pós-estruturalista.

Em “b”, deixarei para que o leitor o faça. Saliento apenas que a escrita é um modo de lidar com a ansiogênese de um tempo acelerado e de um mundo caleidoscópico a nos seduzir a todo tempo pedindo, maroto, uma análise.

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