A primazia pelos direitos de liberdade e expressão de adolescentes e jovens marca o percurso histórico de lutas sociais no campo da cidadania infanto-juvenil e na gênese da própria democracia brasileira. O direito de adolescentes terem opinião sobre qualquer assunto que os afetem e tê-la em consideração está plasmado há mais de 30 anos no artigo 12 da Convenção das Nações Unidas (ONU, 1989).
Alinhado a esta defesa, o artigo 16 do Estatuto da Criança e do Adolescente instituído por meio da Lei Federal no. 8.069/1990 oferece respaldo legal-institucional ao reafirmar que crianças e adolescentes gozam de todos os direitos fundamentais, entre eles o de expressão, como parte do processo de democratização vocalizado pelos ideais de cidadania, justiça social e igualdade.
A despeito dessa trajetória de envergadura mundial, assegurar o lugar de fala de adolescentes ainda é uma bandeira que acena para a trajetória inconclusa na conversão de direitos proclamados em direitos efetivos.
“Permita que eu fale” é um grito abafado por todas as mazelas incidentes na juventude brasileira cujas cicatrizes – como a violência e o extermínio da juventude negra – tornam-se mais evidentes do que a voz de adolescentes e jovens.
Adolescentes E Adolescências: Reflexões E Contribuições Para O Trabalho Junto A Estes Sujeitos emerge da convicção de que essa opressão não pode silenciar o grito daqueles que sofrem cotidianamente, nem favorecer a espera pelo devir adulto que, em última instância, a reconhece e apenas legitima a voz juvenil a partir de suas marcas indeléveis – indicadores de suicídio, gravidez na adolescência, etc.
A fala de adolescentes e jovens é uma necessidade presente e emergente para a construção de políticas públicas, especialmente aquelas dirigidas a este segmento.
Neste caminho, Adolescentes E Adolescências: Reflexões E Contribuições Para O Trabalho Junto A Estes Sujeitos é produto de um esforço coletivo e colaborativo para abordar de forma didática, crítica e reflexiva, temáticas que expressam as demandas colocadas pelos adolescentes nos distintos espaços que ocupam e nos diversos equipamentos públicos pelos quais são atendidos e acompanhados.