Octavio De Faria – Tragédia Burguesa I: Mundos Mortos
Otávio de Faria, crítico, ensaísta, romancista e tradutor, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 15 de outubro de 1908, e faleceu na mesma cidade em 17 de outubro de 1980.
Era filho de Alberto de Faria e de Maria Teresa de Almeida Faria. O pai também foi membro da Academia Brasileira de Letras, autor de Mauá, biografia de Irineu Evangelista de Sousa, e a mãe era filha de Tomás Coelho de Almeida, por duas vezes ministro do Império e fundador do Colégio Militar. Era cunhado de Afrânio Peixoto e Alceu Amoroso Lima.
Estreou em 1931, com o ensaio Maquiavel e o Brasil, seguido de mais outros dois: Destino do socialismo (1933) e Dois poetas (1935), sobre Schmidt e Vinicius de Morais. Logo, porém, o ensaísta, nascido para a análise das ideias e dos acontecimentos sociais, daria lugar ao romancista, com a transferência dos problemas e da pluralidade temática para a ficção. Seu primeiro romance, Mundos mortos, publicado em 1937, era o início de uma obra cíclica planejada para vinte volumes, um dos projetos literários mais audaciosos já tentados no país, a que ele deu o título de A tragédia burguesa, da qual alcançou publicar treze volumes em vida. Aos treze volumes iniciais, a edição completa da Tragédia burguesa (1984-1985) acrescentou mais dois inéditos: A atração e A montanheta, na ordem em que o autor os programou (como, respectivamente, 8º e 10º volumes da série), os quais, na época, não foram publicados em decorrência de decisão estritamente pessoal do romancista.
Na Tragédia burguesa Otávio de Faria apresenta um amplo painel da vida carioca, articulando os problemas sociais do processo da burguesia, em espaço brasileiro, com os grandes problemas do homem. O ponto de partida, base de compreensão para o ciclo, é o romance Mundos mortos. Seus personagens adolescentes retornam em todos os romances do ciclo, como componentes ou testemunhas. O painel, embora com personagens e cenários comuns, conformar-se-á em quadros autônomos. O Rio de Janeiro, em toda a dimensão social, será o fundo que articula os quadros dos vários romances. É uma obra sem similar na literatura brasileira, pela continuidade, exploração psicológica dos tipos e entrosamento familiar, só comparável à Comédia humana de Balzac, ao ciclo Em busca do tempo perdido, de Proust, aos romances encadeados de William Faulkner e à obra de Dostoiévski. Conclui o ciclo em 1977, com o volume O pássaro oculto, encerrando a sua grande obra antes de completar 70 anos.

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