Na Senda Do Milênio

Na Senda do Milênio procura analisar as agitações político-religiosas entre os pobres desenraizados do Norte e do Centro da Europa na Baixa Idade Média.

Norman Cohn - Na Senda Do Milênio: Milenaristas Revolucionários E Anarquistas Místicos Da Idade Média

Um enxame de moscas o atacou em uma floresta. Perturbado, viveu um par de anos como eremita, vestindo-se de peles de animais e orando. Começou a caminhar pelo mundo. O povo o seguia. Ganhou fama de santo (a multidão aumentava).

A Igreja oficial no começo o apoiava. Depois passou a desconfiar dele e finalmente a hostilizá-lo. Os proprietários passaram a não gostar da sua conversa sobre justiça. Uma patrulha o cortou literalmente em pedaços. Seus seguidores, dispersos, continuaram a acreditar que era um santo homem.
Poderia ser a história de Antônio Conselheiro, do Beato José Lourenço ou mesmo do Padre Cícero – mas se trata de um monge sem nome do Século VI, perto da cidade de Tours na França. O professor universitário britânico Norman Cohn conta sua história logo no começo deste ensaio publicado originalmente em 1957, e depois desta muitas outras histórias de homens santos se sucedem.
Na Senda do Milênio procura analisar as agitações político-religiosas entre os pobres desenraizados do Norte e do Centro da Europa na Baixa Idade Média. Os desenraizados, frisa o autor. Não necessariamente os pobres. Para Norman Cohn, a pobreza tradicional dentro do sistema de vida antigo proporcionava uma vida terrível aos pobres – mas segura. As modificações advindas da crescente penetração das transações comerciais envolvendo moeda abalaram esse modo de vida, criando riqueza – e uma desigualdade social antes impensável.
Esta mudança da sociedade encontrou um caldo de cultura formado por uma tradição de escritos apocalípticos que vinham desde a cultura judaica pré-cristã – a qual narrava o fim do mundo, que se misturava a uma antiga tradição dissidente dentro da Igreja, tradição esta que clamava pela volta a uma vida apostólica sem a corrupção do clero hodierno.
Esses fatores se conjugaram para o surgimento de movimentos milenaristas que pugnavam por uma salvação coletiva, terrena (ainda neste mundo), iminente (estaria próxima), total (o novo mundo seria perfeito), e miraculosa (seria realizada com ajuda do sobrenatural). Esta transformação viria como resposta a um mundo tomado pela ganância. Tais movimentos podiam ser (e muitas vezes eram) violentos. Os Tafurs massacraram muçulmanos na época das cruzadas, os Pauperes matavam judeus e depois membros do clero.

Links para Download

Link Quebrado?

Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.

Respostas de 2

Deixe seu comentário

Mais Lidos

Blog

Na Senda Do Milênio

Na Senda do Milênio procura analisar as agitações político-religiosas entre os pobres desenraizados do Norte e do Centro da Europa na Baixa Idade Média.

Norman Cohn – Na Senda Do Milênio: Milenaristas Revolucionários E Anarquistas Místicos Da Idade Média

Um enxame de moscas o atacou em uma floresta. Perturbado, viveu um par de anos como eremita, vestindo-se de peles de animais e orando. Começou a caminhar pelo mundo. O povo o seguia. Ganhou fama de santo (a multidão aumentava). A Igreja oficial no começo o apoiava. Depois passou a desconfiar dele e finalmente a hostilizá-lo. Os proprietários passaram a não gostar da sua conversa sobre justiça. Uma patrulha o cortou literalmente em pedaços. Seus seguidores, dispersos, continuaram a acreditar que era um santo homem.
Poderia ser a história de Antônio Conselheiro, do Beato José Lourenço ou mesmo do Padre Cícero – mas se trata de um monge sem nome do Século VI, perto da cidade de Tours na França. O professor universitário britânico Norman Cohn conta sua história logo no começo deste ensaio publicado originalmente em 1957, e depois desta muitas outras histórias de homens santos se sucedem.
Na Senda do Milênio procura analisar as agitações político-religiosas entre os pobres desenraizados do Norte e do Centro da Europa na Baixa Idade Média. Os desenraizados, frisa o autor. Não necessariamente os pobres. Para Norman Cohn, a pobreza tradicional dentro do sistema de vida antigo proporcionava uma vida terrível aos pobres – mas segura. As modificações advindas da crescente penetração das transações comerciais envolvendo moeda abalaram esse modo de vida, criando riqueza – e uma desigualdade social antes impensável.
Esta mudança da sociedade encontrou um caldo de cultura formado por uma tradição de escritos apocalípticos que vinham desde a cultura judaica pré-cristã – a qual narrava o fim do mundo, que se misturava a uma antiga tradição dissidente dentro da Igreja, tradição esta que clamava pela volta a uma vida apostólica sem a corrupção do clero hodierno.
Esses fatores se conjugaram para o surgimento de movimentos milenaristas que pugnavam por uma salvação coletiva, terrena (ainda neste mundo), iminente (estaria próxima), total (o novo mundo seria perfeito), e miraculosa (seria realizada com ajuda do sobrenatural). Esta transformação viria como resposta a um mundo tomado pela ganância. Tais movimentos podiam ser (e muitas vezes eram) violentos. Os Tafurs massacraram muçulmanos na época das cruzadas, os Pauperes matavam judeus e depois membros do clero.

Link Quebrado?

Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.

Respostas de 2

Deixe seu comentário

Pesquisar

Mais Lidos

Blog