
O poeta soteropolitano Natan Barreto, atualmente radicado em Londres, nos oferece um livro, Um Quintal E Outros Cantos, cujo conteúdo nos remete às suas memórias, reais ou imaginadas: as telhas da casa eram velhas. Tantos dentes de leite jogamos ali: Mourão, Mourão, toma teu dente podre e me dá meu são.
Memórias tão suas, mas também tão possíveis de tornarem-se daqueles que palmilharem as suas páginas feitas da matéria-tempo, já que são tantos os ontens no ar.
Tempo que tece em nós tantos retalhos, talha momentos, que depois ecoa, esculpe culpas, que em silêncio soa – mistura em nossa mente os seus atalhos.
Um Quintal E Outros Cantos é um livro de poesias de teor autobiográfico que reúne uma coletânea de memórias através das quais o autor percorre caminhos por ele vividos. Seu Quintal é Periperi, subúrbio de Salvador, de onde partiu aos 19 anos de idade.
Os outros cantos são alguns dos lugares que nele deixaram suas marcas, como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paris, Amsterdã, Nova York e Londres, na vida de estrangeiro que se deu.
Natan Barreto representa, em muitos sentidos, a poesia baiana contemporânea, tão rica em sua diversidade. Literatura que é parte fundamental do nosso patrimônio cultural, que nos traduz e revela aos olhos do mundo.
São suas personagens tão vivas, que hoje saí à procura de Tia Zazá, de Serafi m e de Dona Maria, pelas ruas silenciosas da minha infância. Tão bom seria vê-los, encantados, à sombra de uma pitangueira. E, íntimos, trazê-los ao meu quintal medido com alqueires de nuvens e oceano.
Salve, poeta, tuas letras de homem menino, misto de morte e de manhã!
Natan Barreto nasceu em 1966, em Salvador. Em 1990, formou-se em Interpretação Teatral pela UniRio e passou a morar na Europa. Viveu em Paris e Roma, e está radicado em Londres desde 1992. É tradutor e intérprete formado pelo Institute of Linguists, e professor primário pela London South Bank University.











