
A vida plena de poesia que transborda nas territorialidades brasileiras, é uma pequena e bela ilustração da pulsão de vida e modos de existir que caracterizam diversas comunidades no Brasil que (re) criam de modo extraordinário os valores milenares, legado dos nossos(as) ancestrais, a exemplo da riqueza de linguagens desse auto-coreográfico que apresentamos.
O livro é um auto-coreográfico cuja composição poética procura reverenciar a territorialidade de Itapuã em Salvador, Bahia. O auto-coreográfico procura trazer reminiscências de tempos imemoriais, além de introduzir reflexões preciosas sobre as elaborações de mundo que constituem o viver cotidiano de Itapuã.
As imagens/metáforas entrelaçadas, apelam para linguagens que comunicam numa perspectiva cósmico-mítica a presença das alteridades civilizatórias, a saber: os povos inaugurais, representados pelo povo tupinambá; a presença europeia-ibérica; e a africana, que recria na travessia transatlântica seu patrimônio civilizatório nas Américas, expandindo-o e promovendo os vínculos de sociabilidade que estruturam e mantêm erguida apesar das adversidades, a territorialidade de Itapuã.
Os princípios inaugurais de Itapuã estão completamente envoltos pela temporalidade dos tupinambás e dos povos africanos, que se presentificam organizando e estruturando comunalidades que se aprumam na infinitude do universo simbólico que constitui os mistérios do mar.
Nesse contexto, o auto-coreográfico procura dar forma as narrativas valiosas sobre os princípios fundadores da territorialidade, o mistério do viver, as estratégias de continuidade da tradição herança dos antepassados, e comunicar através de recriações de linguagens, o patrimônio dessas civilizações milenares que constituem os vínculos de sociabilidade que caracterizam Itapuã.
Na língua tupi-guarani ita significa pedra e puã significa choro, gemido: Itapuã. Há também outra interpretação que diz ser Itapuã em tupi, um rochedo que se ergue, a pedra que ergue a cabeça redonda acima das águas na margem do oceano.
