Este livro desvela formas de abordagem do letramento estatístico que auxiliam o desenvolvimento da criticidade.
Para enfrentar essa provocação, busco um diálogo com Paulo Freire, para quem a crítica se contrapõe à cultura do silêncio e, também, à receptividade passiva que, por vezes, é imposta aos estudantes. Nem sempre a leitura de mundo e as experiências vividas por eles são levadas em conta na escola. Nos contextos escolares, ainda se “mantém silêncio a respeito do mundo da experiência, e o mundo da experiência é silenciado, sem seus textos críticos próprios”.
A criticidade é essencial para que possamos compreender a diversidade de contextos históricos, culturais, políticos e econômicos, e refletirmos sobre a realidade na qual estamos inseridos. Quando nos constituímos, conscientizamos, humanizamos e, por um processo analítico, exercemos nossa liberdade, em um constante exercício democrático.
De acordo com a perspectiva freiriana, a criticidade, além de rigorosidade metódica na pesquisa e na argumentação, exige profundidade, autocorreção, capacidade de discordar, de correr risco com a novidade e a coerência no agir, o que nos move para o pensar certo.
Diante disso, quando a educação estatística assume uma ótica crítica, como a utilizada na abordagem de um curso de letramento estatístico para licenciandos em Matemática, socializada neste livro, ela exerce sua função libertadora, pois é uma prática que desenvolve a autonomia do pensamento.
Possibilita que, por meio da educação, os estudantes, futuros professores, nesse trajeto pedagógico, sejam críticos diante de sua realidade e ajam democraticamente para a transformação do mundo.
Sem dúvida, o leitor observará que Letramento Estatístico: Explorando Dimensões Críticas Com Licenciados Em Matemática se trata de um texto que contribui não apenas para a produção científica da área, mas particularmente para o desenvolvimento de práticas pedagógicas com professores em formação inicial e continuada.