O presente texto deve ser lido como um ensaio. Nele, travamos uma luta implícita contra a rigidez das palavras: tipo, civilização, regeneração, moderno.
Buscamos anular os pólos passado-presente e indagar o sentido histórico congelado na representação de ‘O Rio de Janeiro Civiliza-se’. Visamos à centelha benjaminiana, brilho do olhar relativista. Com as citações, estabelecemos cortes dinâmicos no texto, visualizamos margens e induzimos o leitor a comparar. Texto e imagem diversificam os acessos às questões formuladas.
A força do detalhe se nutre de um trabalho de quatro anos e meio, quando fomos reunindo uma vasta gama de material pesquisado: legislação, teses médicas, artigos de revistas especializadas e de jornais, projetos arquitetônicos de saneamento da cidade e de suas edificações, relatórios, pareceres, mapas, fotos, gráficos e charges. A riqueza das fontes muito nos impressionou e por pouco não ficamos presos à trama da memória da cidade do Rio de Janeiro. Exercitamo-nos na resistência à sedução das imagens primorosamente trançadas durante o período estudado. Nosso terreno de observação é temático e nosso ponto de partida é: como as questões relacionadas à saúde dos cariocas se transformam?
A confecção do texto, a tentativa de resgatar toda a atualidade das fontes, nos colocou um desafio. Como movimentarmo-nos pela trama urbana? Como não repetirmos as sínteses e os deslocamentos operados na construção da imagem do Rio de Janeiro, cartão-postal do Brasil? Resolvemos mergulhar nas fontes, encarar o risco e utilizar o material pesquisado, fazendo vibrar experiências perceptivas da cidade diluídas na representação imagética. Questionamos os recortes e as delimitações da memória histórica. Buscamos a diversidade de forças e esperanças presentes nos projetos para a cidade carioca. Talvez o leitor se choque com a quantidade de informações presente no texto. Para além das paisagens, da suavidade das visões totalizantes, claras e unificadoras, obtidas do alto da cidade, convidamos o leitor a realizar um percurso pelo avesso da trama urbana.
No primeiro capítulo experimentamos o bombardeamento de informações, a justaposição de códigos, a cidade em permanente construção e demolição. Seguindo esta estratégia de redação, propusemo-nos a intervir nas imagens cristalizadas na memória histórica da cidade. A primeira questão é: como um sentido da história da cidade do Rio de Janeiro no início deste século se produz e é transmitido?
O Rio Em Movimento: Quadros Médicos E(m) História (1890 – 1920)
- Enfermagem, História, Medicina
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