Muito Além Do Cidadão Kane

O título busca associar Roberto Marinho, considerado o marechal civil do golpe de 1964, ao personagem de Orson Welles, protagonista do filme “Cidadão Kane”.
A TV é encantadora, pois estabelece uma relação de suposta intimidade com o telespectador, como se lesse seus pensamentos e atendesse aos seus desejos. Assim, povoa a imaginação de milhões de pessoas, reproduzindo valores simbólicos numa escala industrial, sem estímulo a qualquer tipo de reflexão.
A programação televisiva tem como objetivo principal “esvaziar” o senso crítico de quem assiste, deixando “mentes livres” para que a publicidade estimule o fetiche da mercadoria, próprio do capitalismo.
Tal qual o espelho da bruxa de “Branca de Neve”, a televisão busca parecer onisciente, onipotente e onipresente sobre a vida cotidiana do telespectador, explorando as vaidades, curiosidades e emoções.
Na televisão os sonhos podem realizar-se desde que tenhamos submissão aos seus desígnios e princípios, isto é, que sejamos “de fato” merecedores de suas graças. Através da TV, ser “artista de novela” ou jogador de futebol se converte numa utopia para a classe trabalhadora.
O documentário propõe essa reflexão e aponta como a criação da Rede Globo foi mais do que uma simples concessão pública, pois fazia parte do projeto de “modernização e integração nacional” da ditadura militar, contando, é claro, com o apoio de capital norte-americano, especificamente do conglomerado “Time Life”, atual “Time Warner”.
De certa forma, se outras oligarquias (Mesquita, Frias, Civita) apoiavam a ditadura, a Rede Globo era a ditadura, ou pelo menos, seu departamento de propaganda. O regime militar nunca precisou censurar a Rede Globo.
O controle da informação constante no AI-5 pretendia simplesmente impor à toda imprensa a mesma linha político-ideológica da empresa dos Marinho. Não por acaso, ainda hoje nos editoriais “jornalísticos” podemos ouvir os ecos da doutrina da “segurança nacional”, na qual as mobilizações dos trabalhadores são deslegitimadas e tratadas como ameaças ao bem-estar social e ao progresso.
Na obra destacam-se alguns momentos simbólicos da interferência da Rede Globo na vida política brasileira: a distorção na cobertura do movimento “Diretas Já”; a tentativa de falsificação do resultado das eleições fluminenses, conhecida como caso “Proconsult”; e a edição do debate final entre Lula e Collor em 1989.
Essas manobras, típicas de golpes de Estado, são razões para a não renovação de qualquer concessão pública, mas, no Brasil, esta rede é considerada “sagrada” e continua recebendo volumosas verbas de publicidade estatal e generosos financiamentos do BNDES.

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O título busca associar Roberto Marinho, considerado o marechal civil do golpe de 1964, ao personagem de Orson Welles, protagonista do filme “Cidadão Kane”.
A TV é encantadora, pois estabelece uma relação de suposta intimidade com o telespectador, como se lesse seus pensamentos e atendesse aos seus desejos. Assim, povoa a imaginação de milhões de pessoas, reproduzindo valores simbólicos numa escala industrial, sem estímulo a qualquer tipo de reflexão.
A programação televisiva tem como objetivo principal “esvaziar” o senso crítico de quem assiste, deixando “mentes livres” para que a publicidade estimule o fetiche da mercadoria, próprio do capitalismo.
Tal qual o espelho da bruxa de “Branca de Neve”, a televisão busca parecer onisciente, onipotente e onipresente sobre a vida cotidiana do telespectador, explorando as vaidades, curiosidades e emoções.
Na televisão os sonhos podem realizar-se desde que tenhamos submissão aos seus desígnios e princípios, isto é, que sejamos “de fato” merecedores de suas graças. Através da TV, ser “artista de novela” ou jogador de futebol se converte numa utopia para a classe trabalhadora.
O documentário propõe essa reflexão e aponta como a criação da Rede Globo foi mais do que uma simples concessão pública, pois fazia parte do projeto de “modernização e integração nacional” da ditadura militar, contando, é claro, com o apoio de capital norte-americano, especificamente do conglomerado “Time Life”, atual “Time Warner”.
De certa forma, se outras oligarquias (Mesquita, Frias, Civita) apoiavam a ditadura, a Rede Globo era a ditadura, ou pelo menos, seu departamento de propaganda. O regime militar nunca precisou censurar a Rede Globo.
O controle da informação constante no AI-5 pretendia simplesmente impor à toda imprensa a mesma linha político-ideológica da empresa dos Marinho. Não por acaso, ainda hoje nos editoriais “jornalísticos” podemos ouvir os ecos da doutrina da “segurança nacional”, na qual as mobilizações dos trabalhadores são deslegitimadas e tratadas como ameaças ao bem-estar social e ao progresso.
Na obra destacam-se alguns momentos simbólicos da interferência da Rede Globo na vida política brasileira: a distorção na cobertura do movimento “Diretas Já”; a tentativa de falsificação do resultado das eleições fluminenses, conhecida como caso “Proconsult”; e a edição do debate final entre Lula e Collor em 1989.
Essas manobras, típicas de golpes de Estado, são razões para a não renovação de qualquer concessão pública, mas, no Brasil, esta rede é considerada “sagrada” e continua recebendo volumosas verbas de publicidade estatal e generosos financiamentos do BNDES.

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