A Revolução Francesa

A Revolução Francesa representa um momento fundador essencial, não apenas da história nacional, mas da humanidade.
Os contemporâneos pressentiram isso, e inventaram desde o princípio o conceito de Antigo Regime para exprimir a cesura irreversível entre um antes sem volta e um depois.

Seria compartilhar a ilusão de uma época ver que essa década abre caminho para a modernidade, o marco em que, conforme uma codificação própria da França, insere-se a transição da história moderna para a história contemporânea, que é ainda a história de hoje?
A história da Revolução Francesa deve seu status particular ao fato de ser a narrativa de um acontecimento: afirmação do tempo curto, de uma subversão total, em menos de dez anos, de todo um edifício político, institucional e social de longa data.
Quando se diz acontecimento (événement), não se quer dizer história acontecimencial (événementielle) sentido em que entenderam os fundadores da nossa historiografia moderna, visão estreita de uma história política sem perspectivas, ou mesmo anedótica. Mas aqui supõe-se não esquecer, como lembrava Georges Lefebvre, que a história ainda é uma narrativa, a narrativa do encadeamento dos fatos, com o que se pode ter de aleatório, ligado à personalidade dos homens e à "força das coisas". Assim, começaremos esse percurso evocando de modo propositalmente breve, depois de documentar as causas, o ambiente global dessa década, com seus pontos de inflexão e suas referências fundamentais: mais do que uma concessão à história tradicional, esse é o único meio de compreender a ascensão progressiva e as transições sucessivas da monarquia constitucional para a experiência da democracia jacobina e, depois, para o compromisso de retorno à ordem burguesa após o Termidor.
Mas a imponância da ruptura revolucionária deve-se ao trabalho profundo realizado em tão pouco tempo. Num mundo que inventa no calor da ação a política no sentido moderno do termo, são proclamados novos valores e assentadas as bases do Estado liberal, cujo modelo serviria de referência não só na continuidade da história francesa até os dias atuais, mas no mundo todo.
Fala-se, hoje, em redescobrir a história política da Revolução Francesa - como se algum dia ela tivesse sido esquecida. Sem entrar num debate inútil, daremos ao político, mediante a análise das estruturas do novo Estado, a importância que lhe cabe, tanto na escala da França, quanto na do mundo.

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A história da Revolução Francesa deve seu status particular ao fato de ser a narrativa de um acontecimento: afirmação do tempo curto, de uma subversão total, em menos de dez anos, de todo um edifício político, institucional e social de longa data.
Quando se diz acontecimento (événement), não se quer dizer história acontecimencial (événementielle) sentido em que entenderam os fundadores da nossa historiografia moderna, visão estreita de uma história política sem perspectivas, ou mesmo anedótica. Mas aqui supõe-se não esquecer, como lembrava Georges Lefebvre, que a história ainda é uma narrativa, a narrativa do encadeamento dos fatos, com o que se pode ter de aleatório, ligado à personalidade dos homens e à “força das coisas”. Assim, começaremos esse percurso evocando de modo propositalmente breve, depois de documentar as causas, o ambiente global dessa década, com seus pontos de inflexão e suas referências fundamentais: mais do que uma concessão à história tradicional, esse é o único meio de compreender a ascensão progressiva e as transições sucessivas da monarquia constitucional para a experiência da democracia jacobina e, depois, para o compromisso de retorno à ordem burguesa após o Termidor.
Mas a imponância da ruptura revolucionária deve-se ao trabalho profundo realizado em tão pouco tempo. Num mundo que inventa no calor da ação a política no sentido moderno do termo, são proclamados novos valores e assentadas as bases do Estado liberal, cujo modelo serviria de referência não só na continuidade da história francesa até os dias atuais, mas no mundo todo.
Fala-se, hoje, em redescobrir a história política da Revolução Francesa – como se algum dia ela tivesse sido esquecida. Sem entrar num debate inútil, daremos ao político, mediante a análise das estruturas do novo Estado, a importância que lhe cabe, tanto na escala da França, quanto na do mundo.

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