A nossa história com a literatura de folhetos, também conhecida por literatura de cordel, é recente, mas de grandes descobertas que aqui se pretende convertê-las em rico material de ensino. O interesse em estudá-la se iniciou no período de trabalho de conclusão de curso, ano 2019 – se a memória não nos falhar –, quando nosso orientador de monografia, professor Alberto Roiphe, nos instigou a investigá-la a fim de valorizar a literatura sergipana. Até então, pouco sabíamos sobre o cordel brasileiro, tampouco o sergipano.
Na escola, as aulas de literatura contemplavam as obras já consagradas no cânone literário. Na universidade, cursando Letras, as disciplinas de literatura também não a contemplavam em suas ementas. Fatos, no mínimo, instigantes, já que os folhetos são uma rica expressão cultural, artística e literária que se criou em nosso Nordeste por meio de uma tradição oral, o desafio nordestino.
O mundo encantado do cordel é vasto, ainda em exploração. Tentamos no presente livro explorar mais deste mundo, pisando em terra fértil de arte e poesia, de liberdade poética e de cantoria, de linguagem que muitas vezes é subversiva, de relatos memorialísticos em rimas, de histórias de vidas daqueles que se fazem no cordel que criam ou daqueles a quem o cordelista se autoriza a biografar.
E assim se fez este livro. Da curiosidade ingênua que anima os primeiros passos, da aventura desafiadora que dá consistência aos passos dados, do deleite nos achados, que são sempre inacabados, convidando-nos a darmos novos passos explorando o inacabado.
São os achados razão de ser deste livro que ora lhe apresentamos. Eles se constituem de biografias e autobiografias em cordel, nos quais o cordelista compõe versos memorialísticos, anuncia-nos uma história de pessoas que valem a pena serem lidas, dando-nos lições e exemplos de vida.
O estudo sobre os folhetos biográficos e autobiográficos é escasso no âmbito acadêmico, de modo que a finalidade a qual fundamenta toda nossa escrita é convidar você leitor a não apenas contentar-se com nossas descobertas, mas explorar ainda mais a literatura de cordel que reclama sua valorização na literatura e na sociedade.
E conscientes de sua desvalorização na educação e na literatura, propusemos converter todos os achados em rico material de ensino e de aprendizagem, de modo que professor e aluno sejam inseridos nesse mundo encantado do cordel.