Os Sete Pecados Da Luxúria

Quando os poetas Dante e Virgílio começaram a descer os nove círculos do inferno em A Divina Comédia, as primeiras pessoas que a dupla encontrou foram os sábios da Antiguidade. Dos pecadores, eram os mais inocentes.

Afinal, tinham vivido virtuosamente; apenas tiveram o infortúnio de nascer antes de Cristo. Conforme os poetas seguiram para o segundo círculo do inferno, chegaram ao vale dos Ventos, onde padeciam “os que aos vícios da carne se entregavam”. Se em vida os condenados pela luxúria haviam se deixado levar pelas paixões, agora era o terrível turbilhão que os prendia no inferno.
Em seguida, Dante e Virgílio atravessaram o lago de lama no qual glutões se atolavam no próprio vômito. Depois, foram para a colina, onde avarentos e vaidosos lutavam eternamente entre si usando como arma terríveis pesos – por terem as mãos fechadas, os avarentos eram obrigados a empurrá-los com o peito. Os poetas seguiram para baixo até pararem junto a uma lagoa de águas lodosas. Lá, os condenados pela ira se debatiam, enquanto os condenados pela acídia (também conhecida como tristeza e preguiça) eram presos ao fundo do lodo, e ali se afogavam eternamente, formando bolhas que se viam na superfície da lagoa.
Esses eram apenas os menos graves dos pecados. Depois de atravessarem a cidade de Dite, os poetas encontrariam os recônditos do inferno, onde se puniam os piores pecados: aqueles cometidos conscientemente. Lá estariam o círculo da heresia, o círculo da violência, o círculo da fraude e, finalmente, o círculo da traição, onde vivia Lúcifer.
Para Dante – que era um poeta, não um homem da Igreja –, os pecados capitais estavam longe de ser os mais graves. E isso está de acordo com a tradição católica. Quando o papa Gregório I consolidou a lista de pecados capitais, ainda no século VI da nossa era, fez isso não por considerá-los atos ou pensamentos especificamente graves, pelo contrário. Vaidade, avareza, inveja, ira, gula, acídia e luxúria não podem sequer ser resumidos a um ato ou pensamento específico, diferentemente do que acontece com heresia, violência, fraude e traição. O que, então, torna os pecados “capitais” não é a gravidade, mas a capacidade de induzir o indivíduo a cometer outros pecados. Pecados capitais não são atos ou pensamentos “maus”, mas sim uma predisposição presente em todos os indivíduos que os leva a cometer atos e pensamentos maus. Eles são a cabeça dos pecados.

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Quando os poetas Dante e Virgílio começaram a descer os nove círculos do inferno em A Divina Comédia, as primeiras pessoas que a dupla encontrou foram os sábios da Antiguidade. Dos pecadores, eram os mais inocentes. Afinal, tinham vivido virtuosamente; apenas tiveram o infortúnio de nascer antes de Cristo. Conforme os poetas seguiram para o segundo círculo do inferno, chegaram ao vale dos Ventos, onde padeciam “os que aos vícios da carne se entregavam”. Se em vida os condenados pela luxúria haviam se deixado levar pelas paixões, agora era o terrível turbilhão que os prendia no inferno.
Em seguida, Dante e Virgílio atravessaram o lago de lama no qual glutões se atolavam no próprio vômito. Depois, foram para a colina, onde avarentos e vaidosos lutavam eternamente entre si usando como arma terríveis pesos – por terem as mãos fechadas, os avarentos eram obrigados a empurrá-los com o peito. Os poetas seguiram para baixo até pararem junto a uma lagoa de águas lodosas. Lá, os condenados pela ira se debatiam, enquanto os condenados pela acídia (também conhecida como tristeza e preguiça) eram presos ao fundo do lodo, e ali se afogavam eternamente, formando bolhas que se viam na superfície da lagoa.
Esses eram apenas os menos graves dos pecados. Depois de atravessarem a cidade de Dite, os poetas encontrariam os recônditos do inferno, onde se puniam os piores pecados: aqueles cometidos conscientemente. Lá estariam o círculo da heresia, o círculo da violência, o círculo da fraude e, finalmente, o círculo da traição, onde vivia Lúcifer.
Para Dante – que era um poeta, não um homem da Igreja –, os pecados capitais estavam longe de ser os mais graves. E isso está de acordo com a tradição católica. Quando o papa Gregório I consolidou a lista de pecados capitais, ainda no século VI da nossa era, fez isso não por considerá-los atos ou pensamentos especificamente graves, pelo contrário. Vaidade, avareza, inveja, ira, gula, acídia e luxúria não podem sequer ser resumidos a um ato ou pensamento específico, diferentemente do que acontece com heresia, violência, fraude e traição. O que, então, torna os pecados “capitais” não é a gravidade, mas a capacidade de induzir o indivíduo a cometer outros pecados. Pecados capitais não são atos ou pensamentos “maus”, mas sim uma predisposição presente em todos os indivíduos que os leva a cometer atos e pensamentos maus. Eles são a cabeça dos pecados.

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