A escola não é tudo. Acreditamos que seja este o tiro inicial do livro Experiências Formativas Não Escolares: Teoria & História Da Educação. Tiro certeiro para os tempos que vivemos hoje, no Brasil. A “Era Lula”, com seus investimentos substanciais e, em boa parte, certeiros em educação, não se mostrou suficiente para nos deslocar culturalmente; agora percebemos o quanto somos frágeis, como indivíduos e como país. Para onde foi toda a educação escolar?
É conhecido, para nós, o discurso de que “é preciso estudar para ser alguém na vida”. Mas não seria mais produtivo o discurso “é preciso ser alguém na vida para saber o que fazer com o que vamos estudar”? Para ser, é preciso experienciar. Não é coincidência que esta seja a palavra que conduz todo este livro (iniciando o seu título, inclusive), essencial para a ampliação do conceito e dos espaços das educações possíveis.
Quando frequentadores da escola, não sabemos, mas boa parte do tempo de nossas vidas passaremos como adultos no mundo do trabalho. Apenas essa experiência nutrirá nossos sentidos, nossos desejos, nossas sensibilidades? O que fazer com o que vivemos e com o que viveremos em outros âmbitos das nossas vidas, fora da escola? A escola cumprirá a sua aconchegante promessa de sucesso?
As lições sobre a morte, o cotidiano, a espiritualidade e a masculinidade, abordadas neste livro, tocam as nossas subjetividades de modo mais veemente do que qualquer aula da nossa “matéria” escolar preferida; tocam mais veementemente porque nascem da experiência, da vivência. E toda experiência forma? Não. Todavia, toda ela é capaz de formar se avançar sobre os nossos sentidos se nos tocar no âmbito do desejo… ou do repúdio!
“Dobrar-se sobre si mesmo”, como tão verdadeiramente nos propõe Bartolomeu Campos de Queirós, é o sopro para frente do tiro dado por Experiências Formativas Não Escolares, contribuição para o futuro de uma história com mais sentimentos, poesia e inconsciente do que fatos analisados a distância.