
Apalavra “emergência” tem de aparecer para nós, educadoras e educadores, em dois sentidos fundamentais. Emergir no sentido de “vir à tona” e, ao mesmo tempo, emergência entendida como uma situação de rapidez, já que hoje existe outro jeito de se pensar e fazer nos diversos temas ligados à Educação.
Na nossa área, o vocábulo “paradigma” vem sendo muito usado sem se ter muita clareza do seu sentido original. Esta palavra tem dois termos de origem grega: o primeiro é para, que significa “ao lado”, e o outro é digma, que também quer dizer “mostrar”. Portanto, paradigma é “mostrar ao lado”, isto é, indicar o exemplo, o modo de fazer, o modelo.
Quando falamos da emergência de múltiplos paradigmas, é sinal de que precisamos rever, olhar de outro jeito e alterar o modo como fazemos e pensamos as coisas, como refletimos sobre a nossa prática dentro da Educação.
Não é incomum ouvirmos a frase: “Ah, os alunos de hoje não são mais os mesmos”. Quando alguém diz isso, está demonstrando sanidade mental. É claro que os alunos de hoje não são mais os mesmos. Mas essa expressão pode indicar uma certa distorção pedagógica.
Afinal, alguém diz isso e, ainda assim, continua dando aula do mesmo jeito que dava há dez ou quinze anos? Se os alunos não são mais os mesmos, se o mundo não é mais o mesmo, como fazer do mesmo modo? Há alguns aspectos na área da Educação que precisam ter uma durabilidade maior, mas há algo de que não podemos esquecer: a importância de olhar a realidade, porque, afinal de contas, a Educação lida com o futuro.
Uma analogia cabível é com o automóvel, em que o retrovisor é sempre menor que o para-brisa. Claro! Porque passado é referência, não é direção. Nosso horizonte, que é o que o para-brisa mostra, é o futuro. E ele é maior, mais amplo do que o que temos no retrovisor. Algumas pessoas, na condução do “veículo Educação”, vez ou outra, têm um para-brisa menor do que o retrovisor, e o tempo todo miram o passado, imaginam que a resposta está em outro tempo.
Às vezes, ela pode estar mesmo lá, desde que de lá se traga aquilo que é tradicional, o que precisa ser preservado, protegido, levado adiante. Contudo, muitas vezes, no nosso passado, o que encontramos é o arcaico, aquilo que tem de ser superado, deixado de lado, abandonado.
Com a emergência de múltiplos paradigmas, precisamos lembrar que estamos vivendo, hoje, na Educação — não só nela, mas também nela —, momentos graves, em que há um certo desnorteamento, uma alteração rápida das situações do nosso dia a dia, uma mudança muito veloz na maneira como as coisas são feitas, pensadas e comunicadas.
Também o adensamento exagerado das pessoas nas metrópoles levou ao esvaimento e até à extinção de alguns valores que eram fortes em outros momentos da nossa história e que precisam ser resgatados.
Esses momentos graves significam, como sempre na história humana, a possibilidade de momentos grávidos. Sim, momentos graves são também momentos grávidos! Afinal de contas, toda situação grave contém uma gravidez, ou seja, a possibilidade de dar à luz uma nova situação.
Só que, em Educação, muita gente enxerga só a gravidade do momento e não vê a gravidez que ele contém. E passa boa parte do tempo dizendo: “Eu queria voltar ao passado se pudesse”, “no meu tempo…”, recorrendo, portanto, a uma nostalgia muito negativa em relação àquilo que podemos, de fato, fazer em Educação.
