Arquivos Da Derrota

Arquivos Da Derrota propõe pensar como os cinemas brasileiro e argentino contribuem para a disseminação de narrativas que estão imbricadas no fazer histórico e político

Neste livro, proponho pensar como os cinemas brasileiro e argentino contribuem para a disseminação de narrativas que estão imbricadas no fazer histórico e político.

Busco tratar os filmes brasileiros e argentinos que elaboram e trabalham os respectivos períodos ditatoriais desses países, a fim de, ao analisá-los, discutir os inter-relacionamentos do cinema sobre a ditadura e as reescritas, rearticulações e dinâmicas das narrativas da nação como socialidade.

Tomo a noção de socialidade tal como abordada por Viveiros de Castro em artigo dedicado a rastrear como a antropologia vem trabalhando o conceito de sociedade.

Contemporaneamente, a antropologia tem preferido negar concepções essencialistas, passando a adotar a noção de socialidade: “À sociedade como ordem (instintiva ou institucional) dotada de uma objetividade de coisa, preferem-se noções como socialidade, que exprimiriam melhor o processo intersubjetivamente constitutivo da vida social”.

Utilizo as expressões “ditadura”, “máquina ditatorial” e “governo militar” em lugar de outras denominações, como autoritarismo e Estado burocrático-autoritário, privilegiando o fato de que o poder político passou a ser exercido por setores de comando hierarquicamente superiores das Forças Armadas, com ativa participação de setores não militares.

As questões conceituais, ao se tratar dos processos ditatoriais na América Latina, são amplas e, para inserir tal problemática no bojo desta introdução, recorro às contribuições de Fausto e Devoto e Pascual.

Tais discussões indagam qual o tipo de organização assumida pelo Estado no decorrer dos governos ditatoriais implantados na América Latina nos anos 1960 e 1970.

Assim é que, nos lembram Fausto e Devoto, Guillermo O’Donnell conceituou os Estados militares brasileiro e argentino como “representantes de um tipo específico de Estado autoritário – o Estado burocrático […]”.

A intenção do Estado burocrático-autoritário era “organizar a dominação de classe em favor de frações superiores de uma burguesia altamente oligopolista e transnacional”.

Para atingir tal objetivo, as ditaduras, como Estados desse tipo, ainda segundo os mesmos autores, tomaram medidas repressivas contra setores populares politicamente organizados, empreenderam reordenações econômicas e utilizaram amplamente a violência, a censura e a supressão dos direitos constitucionais.

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Tomo a noção de socialidade tal como abordada por Viveiros de Castro em artigo dedicado a rastrear como a antropologia vem trabalhando o conceito de sociedade.

Contemporaneamente, a antropologia tem preferido negar concepções essencialistas, passando a adotar a noção de socialidade: “À sociedade como ordem (instintiva ou institucional) dotada de uma objetividade de coisa, preferem-se noções como socialidade, que exprimiriam melhor o processo intersubjetivamente constitutivo da vida social”.

Utilizo as expressões “ditadura”, “máquina ditatorial” e “governo militar” em lugar de outras denominações, como autoritarismo e Estado burocrático-autoritário, privilegiando o fato de que o poder político passou a ser exercido por setores de comando hierarquicamente superiores das Forças Armadas, com ativa participação de setores não militares.

As questões conceituais, ao se tratar dos processos ditatoriais na América Latina, são amplas e, para inserir tal problemática no bojo desta introdução, recorro às contribuições de Fausto e Devoto e Pascual.

Tais discussões indagam qual o tipo de organização assumida pelo Estado no decorrer dos governos ditatoriais implantados na América Latina nos anos 1960 e 1970.

Assim é que, nos lembram Fausto e Devoto, Guillermo O’Donnell conceituou os Estados militares brasileiro e argentino como “representantes de um tipo específico de Estado autoritário – o Estado burocrático […]”.

A intenção do Estado burocrático-autoritário era “organizar a dominação de classe em favor de frações superiores de uma burguesia altamente oligopolista e transnacional”.

Para atingir tal objetivo, as ditaduras, como Estados desse tipo, ainda segundo os mesmos autores, tomaram medidas repressivas contra setores populares politicamente organizados, empreenderam reordenações econômicas e utilizaram amplamente a violência, a censura e a supressão dos direitos constitucionais.

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