
A igualdade entre mulheres e homens em um passado não muito distante era considerada um sonho irrealizável. Até a primeira metade do século XIX, no Ocidente, não se cogitava sequer exprimir-se ou dar a conhecer que tal ideia poderia se tornar um ideal concreto e real. Mas, com as mudanças sociais, políticas e econômicas ocorridas após aquele período, novas ideias foram sendo disseminadas, ao ponto de ocorrer um despertar crítico das mulheres perante a dominação masculina que as oprimia por conta do entendimento social de que as mulheres eram seres inferiores e, por isso, lhes subjugavam a uma condição social muitas vezes deprimente.
Outro fenômeno social que não se cogitou se tornar realidade durante muitos séculos foi a igualdade entre brancos e negros, posto considerado um fenômeno social inviável. A distinção entre grupos sociais promoveu práticas racistas agressivas e exclusivas contra o negro, tornando o racismo instrumento de julgamento do ‘outro’ a partir da aparência.
Só a partir do século XX, com a recuperação da história vivida no período escravista nas Américas e das independências africanas, assistiu-se no mundo a luta dos movimentos negros no sentido de definir o termo ‘etnia’ como um processo relacional e classificatório, no qual um grupo social se distingue do outro a partir de traços
historicamente construídos.
Gênero E Racismo: Múltiplos Olhares, resultado dos estudos realizados durante a primeira edição do Curso de Especialização em Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça, oferecido pela Universidade Federal do Espírito Santo, é composto por uma seleção de textos que discutem, no âmbito da História e das demais Ciências Humanas, as transformações sociais e culturais que redefiniram as políticas públicas nas sociedades que se empenham por um ambiente de maior igualdade e justiça entre homens e mulheres e que apresentam maior progresso no desenvolvimento humano, não somente no Brasil, mas também nos demais países americanos.











