Passados mais de 30 anos, finalmente uma das histórias mais trágicas da ditadura pode ser contada, resgatando a figura corajosa de Zuzu Angel que, por amor a seu filho, tudo desafiou: a polícia, os porões da repressão, os poderes constituídos, a censura que calava os jornais, impedindo-os de publicarem os fatos que marcaram os anos mais obscuros de nosso país.
Nesse filme de Sergio Rezende, a protagonista emerge, reconstituída com emoção e fidelidade, revelando acontecimentos que, até então, estiveram ocultados, como se não fossem parte de nossa história. No roteiro compartilhado com Marcos Bernstein, Rezende é acolhido na Coleção Aplauso, da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.
Zuzu Angel, mineira de Juiz de Fora, foi casada com um norte-americano, e celebrizou-se no exterior a partir de suas criações como estilista. Seu sucesso veio na esteira da morte do filho Stuart, em 1971, torturado por agentes da ditadura, que não assumiam o fato.
Durante mais de cinco anos, essa Mãe Coragem enfrentou a berreira do silêncio, arriscando sua vida ajudada por amigos, alguns de notoriedade nacional como Chico Buarque de Hollanda e Elke Maravilha.
Uma semana antes do acidente, Zuzu deixara na casa de Chico Buarque de Hollanda um documento que deveria ser publicado caso algo lhe acontecesse, em que escreveu:. “Se eu aparecer morta, por acidente ou outro meio, terá sido obra dos assassinos do meu amado filho”. Depois de sua morte, Zuzu foi homenageada em livros, música e filme. O mesmo Chico Buarque compôs, sobre melodia de Miltinho, a música Angélica, em 1977, em homenagem à estilista.
A história de Zuzu é conduzida pela mão experiente de Rezende, que antes também contou no cinema as histórias de Tenório Cavalcanti, Lamarca, Antonio Conselheiro e Mauá. Roteiro interpretado por notável elenco liderado por Patrícia Pillar, Daniel de oliveira, Leandra Leal, Alexandre Borges, Luana Piovani, Othon Bastos, Ângela Vieira e a última aparição nas telas de Nelson Dantas.