Cada vez mais a inserção indígena no ensino superior vem se tornando um fenômeno ao considerar as especificidades sociais, econômicas, políticas, históricas e culturais desses povos. Entre as décadas de 70 e 80 do último século algumas ações foram decisivas no que tange à educação indígena no País. Instituições da sociedade civil propuseram mudanças da educação para modelos alternativos pautados em práticas diferenciadas e interculturais, instituídas e asseguradas pela Constituição Brasileira de 1988 e legislação educacional posterior. O Decreto nº 26/1991, que atribuiu ao Ministério da Educação (MEC) as principais responsabilidades na formulação e coordenação de uma política nacional de educação indígena gerou grandes transformações em todos os sentidos para as comunidades indígenas do País.
Assim, este projeto de Apoio à Criação de uma Instituição de Ensino Superior Indígena teve sua demanda originária na Secretaria de Ensino Superior do MEC, provocada pelos povos indígenas do Rio Negro através da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn). A partir do reconhecimento de que o conjunto das instituições de ensino superior brasileiras deveria preencher uma lacuna existente, voltada a promover os aspectos interculturais que ligam as sociedades indígenas às sociedades pertencentes a outras influências culturais, que se vislumbrou a criação do Instituto de Conhecimentos Indígenas e Pesquisa do Rio Negro (Iciprn), partindo do pressuposto de que os conhecimentos indígenas constituem um patrimônio já reconhecido pela Constituição e que o governo brasileiro tem realizado várias iniciativas de proteção e promoção desses povos e de seus patrimônios culturais.
Os povos indígenas que deram início a esta iniciativa são formados por 31 etnias de 4 famílias linguísticas, com uma população de 48.133 habitantes (Censo IBGE 2010), que habitam em Terras Indígenas já demarcadas pelo governo brasileiro na bacia do Rio Negro, no Estado do Amazonas.
Há mais de duas décadas esses povos e suas organizações filiadas à Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), em colaboração com o Instituto Socioambiental (ISA), têm realizado um exaustivo diagnóstico socioambiental da região e promovido uma série de ações nas áreas de educação intercultural, salvaguarda do patrimônio cultural e ambiental, como também o intercâmbio entre cientistas e pesquisadores indígenas e não indígenas.
Todo esse trabalho vem sendo feito no sentido de enfrentar os problemas da região e propor soluções para o desenvolvimento sustentável das comunidades, respeitando-se a diversidade cultural e étnica.
Apoio À Criação De Uma Instituição De Ensino Superior Indígena
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