O Brasil Na América

Há 80 anos, morria no Rio de Janeiro o médico, psicólogo, pedagogo e historiador Manoel Bomfim. Autor de extensa obra, três anos antes de falecer publicaria este livro fundamental, dedicado a Frei Vicente do Salvador e intitulado do O Brasil na América

– Caracterização da formação brasileira. Editado inicialmente pela Francisco Alves e, em 1997, pela Topbooks, sua leitura nos permite redescobrir nosso país de forma totalmente nova, devido à originalidade da visão sociológica e histórica de Bomfim, um dos pensadores da chamada condição brasileira ou “brasilidade” mais respeitado pelo antropólogo e educador Darcy Ribeiro.
Enquanto em seu tempo estavam em moda pensamentos pseudocientíficos, altamente elitizantes e racistas – pensamentos estes que na Europa iriam chocar o monstruoso ovo de serpente do nazismo – Bomfim, assim como o havia feito Gilberto Freyre em Casa grande e senzala, defende com unhas e dentes a mestiçagem brasileira, destacando sobretudo o papel que o índio teve na formação do povo brasileiro, nos primeiros séculos da colonização. Iconoclasta e simpatizante do marxismo, este analista nada ortodoxo, que misturava sentimentos e fundamentos psicológicos com clara e transparente razão, gostava de derrubar mitos ou conceitos cristalizados pelos historiadores que o haviam precedido. Como, por exemplo, o de que os povos indígenas haviam sido trucidados pelos primeiros ocupantes do solo pátrio.
É claro que houve matança de índios em algumas áreas do imenso território da colônia portuguesa, dividido em capitanias hereditárias e originalmente ocupado por tupinambás, tamoios, tupiniquins, caetés, potiguaras e tabajaras, entre outras tribos. Mas o que houve mesmo, acentua Manoel Bomfim em sua obra capital, foi o cruzamento dos portugueses desbravadores com as índias, cruzamento tão pouco preconceituoso e disseminado que teria resultado no surgimento de uma população mameluca ou cabocla, capaz de ocupar o país ainda selvagem e de defendê-lo bravamente das primeiras invasões estrangeiras, efetuadas por franceses, holandeses e ingleses. Somente os portugueses que haviam aportado aqui no Brasil, nos séculos XVI e XVII, explica ele, não teriam sido em número suficiente para formar uma massa populacional que defendesse vilarejos e povoados costeiros das incursões de piratas ou aventureiros. Em outras palavras, nossa defesa só se fez possível porque teriam surgido os primeiros brasileiros, em sua maioria mestiços. Uma mestiçagem benéfica que seria ainda mais acentuada quando entrassem em cena os escravos trazidos da África, a partir do século XVII e principalmente no século XVIII.

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