Melancolia

Nesta obra, Costa Lima recupera as acepções históricas e filosóficas da melancolia para estabelecer a articulação desse estado afetivo com a literatura.

Em 1930, Freud já era figura consagrada quando escreveu O mal-estar na civilização (Das Unbehagen in der Kultur). Como se relutasse em aceitar a gravidade que se abeirava de sua época, da Europa, de sua Viena e de si próprio, escrevia:

Parece ser certo que não nos sentimos bem em nossa civilização (Kultur) de hoje, mas é muito difícil formar um juízo se e em que medida os homens de tempos passados sentiam-se mais felizes e que parte nisso tinham as condições de sua civilização (ihre Kulturbedingungen).

É possível que o Ocidente, desde a Grécia antiga, atento às múltiplas ocorrências da melancolia, embora compreendesse que alcançara, a partir do final do século XIX, mais precisamente, como consequência da Primeira Grande Guerra, uma intensidade antes desconhecida, se enganasse quanto ao significado de tal intensidade; que a melancolia se aproximara mais das pessoas, sem ameaçar a grande política das grandes potências.

A História não nos permitirá dizer que o engano tenha sido só de Freud. Atino apenas em constatar que a melancolia, sobretudo nas décadas mais próximas de nós, agora se torna objeto de dezenas de publicações. As mais usuais ainda a entendem como particularmente incidente em certo lugar e intitulam-se de “English malady”; a utilidade de outras, ao contrário, consiste na composição de antologias que cobrem dezenas de autores, desde a Antiguidade; ao passo que outras mais são ligeiras como roteiros para turistas.

Nesta obra, Costa Lima recupera as acepções históricas e filosóficas da melancolia para estabelecer a articulação desse estado afetivo com a literatura. No percurso dessa investigação, o autor reconhece a condição de “criatura carente” no caráter humano – pathos da melancolia no discurso ficcional e plástico.

Com essa tese, o ensaísta irradia sua análise para traços peculiares da produção de dois escritores decisivos da literatura moderna ocidental: o tcheco Franz Kafka e o irlandês Samuel Beckett. Ao fazer esse mapeamento extenso, estudado ora teórica ora textualmente, Costa Lima aponta como a experiência melancólica, na cultura ocidental, afetou de diferentes modos as diversas expressões do pensamento e das artes.

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Nesta obra, Costa Lima recupera as acepções históricas e filosóficas da melancolia para estabelecer a articulação desse estado afetivo com a literatura.

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Parece ser certo que não nos sentimos bem em nossa civilização (Kultur) de hoje, mas é muito difícil formar um juízo se e em que medida os homens de tempos passados sentiam-se mais felizes e que parte nisso tinham as condições de sua civilização (ihre Kulturbedingungen).

É possível que o Ocidente, desde a Grécia antiga, atento às múltiplas ocorrências da melancolia, embora compreendesse que alcançara, a partir do final do século XIX, mais precisamente, como consequência da Primeira Grande Guerra, uma intensidade antes desconhecida, se enganasse quanto ao significado de tal intensidade; que a melancolia se aproximara mais das pessoas, sem ameaçar a grande política das grandes potências.

A História não nos permitirá dizer que o engano tenha sido só de Freud. Atino apenas em constatar que a melancolia, sobretudo nas décadas mais próximas de nós, agora se torna objeto de dezenas de publicações. As mais usuais ainda a entendem como particularmente incidente em certo lugar e intitulam-se de “English malady”; a utilidade de outras, ao contrário, consiste na composição de antologias que cobrem dezenas de autores, desde a Antiguidade; ao passo que outras mais são ligeiras como roteiros para turistas.

Nesta obra, Costa Lima recupera as acepções históricas e filosóficas da melancolia para estabelecer a articulação desse estado afetivo com a literatura. No percurso dessa investigação, o autor reconhece a condição de “criatura carente” no caráter humano – pathos da melancolia no discurso ficcional e plástico.

Com essa tese, o ensaísta irradia sua análise para traços peculiares da produção de dois escritores decisivos da literatura moderna ocidental: o tcheco Franz Kafka e o irlandês Samuel Beckett. Ao fazer esse mapeamento extenso, estudado ora teórica ora textualmente, Costa Lima aponta como a experiência melancólica, na cultura ocidental, afetou de diferentes modos as diversas expressões do pensamento e das artes.

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