
Considerando as condições objetivas de cada período, Educação Rural No Brasil tem por objetivo discutir e analisar as propostas elaboradas e desenvolvidas no interior do movimento do “ruralismo pedagógico”, apontando suas reminiscências no discurso dos atuais movimentos, mormente o MST.
Essas propostas partem do princípio de que uma pedagogia eficiente para o homem do campo poderia contribuir para a sua fixação no meio rural, sem contudo levar em conta que o que realmente poderá prender o homem à terra são as condições econômicas e as políticas implementadas para o setor e não a pedagogia.
Educação Rural No Brasil procura demonstrar ainda que não é a pedagogia implantada no campo a responsável pelo êxodo no setor, pois não cabe a esta a incumbência de fixar o homem nesse ou naquele meio.
Se as condições econômicas não forem favoráveis à manutenção dos trabalhadores rurais na roça, não há pedagogia que garanta sua permanência na área.
Por ser a economia que determina, em última instância, as formas de organização de um povo, somente ela, mediada pela política, poderia fazer com que o trabalhador rural passasse a ter acesso à terra, aos equipamentos agrícolas e às condições de sobrevivência favoráveis que pudessem mantê-lo em sua atividade agrícola.
Ao estudarmos com mais profundidade o problema, perceberemos que há uma profunda ligação entre aquilo que o movimento por uma educação do campo reivindica como sendo uma das necessidades dos trabalhadores rurais em termos de educação, com as propostas elaboradas por pensadores como Sud Menucci, Carneiro Leão e Alberto Torres, dentre outros.
Esses, durante a primeira metade do século passado, propuseram a criação de uma pedagogia específica para o homem do meio rural, que os levasse à fixação no campo. Esse movimento ficou amplamente conhecido como “ruralismo pedagógico”.
Partindo do princípio de que a História se desenvolve a partir de um movimento de rupturas e continuidades, é possível afirmar que muitas daquelas propostas de educação elaboradas e, de certa forma, implementadas pelos educadores ruralistas, se fazem presentes ainda hoje, principalmente no interior do MST que, ao propor uma nova forma de educar a fração da classe trabalhadora que habita no campo, com conteúdos e metodologias específicos para meio rural, faz a apologia de uma pedagogia que visa a fixação do homem no campo.
De certa forma, está propondo as mesmas práticas já defendidas pelos autores que faziam a defesa do ruralismo pedagógico.
