Crônicas Do Grande Bordel

Crônicas Do Grande Bordel traz novas histórias de Eny e seu bordel, que marcaram época na cidade de Bauro e na memória de seus habitantes.

Li Crônicas Do Grande Bordel de um golpe só. Mergulhei neste lugar como quem espia pelo buraco da fechadura, procurando fantasmas que não assustam mais ninguém.

Isso porque tanto eu como todos os bauruenses que engatinhavam naquela época somos parte da sua história. Eny, a grande meretriz, que aproximava Bauru da Babilônia. A Madame Claude da “Cidade Sem Limites”.

Havia uma “necessidade do mal” na cidade e ela ocupou esse espaço. A moral e os bons costumes deixaram-se ficar reféns do seu feitiço durante décadas. Seu nome tornou-se sinônimo de precipício; só de pronunciá-lo já se escorregava.

Na segurança do distanciamento, tentei recriar ecos de uma época em que ainda existia pecado, quando Bauru era uma mistura de Pel-Mexico com a Hollywood moralista dos anos 1950.

Ainda não havia televisão, de modo que até a hipocrisia era importada da Califórnia. Todo o “mau passo” seria implacavelmente castigado e as menos aquinhoadas pela sorte iriam fatalmente engrossar o cast das fabulosas garotas da Eny, belas vítimas da intolerância, da pobreza e da ignorância.

A “Casa de Eny” foi uma referência da cidade quase tão famosa quanto o sanduíche. No tempo dos viajantes, era só falar de Bauru que se pensava em sacanagem. Até poucos anos atrás, a associação era imediata. Devemos isso a ela.

Naqueles pudicos anos, quando ia com a minha mãe ao Mercado Municipal e éramos obrigados a cruzar a rua do pecado, como era conhecida a famosíssima rua Costa Ribeiro — ou “aquela rua”, como diziam lá em casa —, mamãe me fazia baixar a cabeça.

Deste modo, fiquei com uma visão impressionista da zona do meretrício. Formas difusas, cores fugidias e muita imaginação. Devo ter sido uma das raras pessoas que foram à zona com a mente e não com o corpo. Eny nos faz ter saudade do pecado.

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Havia uma “necessidade do mal” na cidade e ela ocupou esse espaço. A moral e os bons costumes deixaram-se ficar reféns do seu feitiço durante décadas. Seu nome tornou-se sinônimo de precipício; só de pronunciá-lo já se escorregava.

Na segurança do distanciamento, tentei recriar ecos de uma época em que ainda existia pecado, quando Bauru era uma mistura de Pel-Mexico com a Hollywood moralista dos anos 1950.

Ainda não havia televisão, de modo que até a hipocrisia era importada da Califórnia. Todo o “mau passo” seria implacavelmente castigado e as menos aquinhoadas pela sorte iriam fatalmente engrossar o cast das fabulosas garotas da Eny, belas vítimas da intolerância, da pobreza e da ignorância.

A “Casa de Eny” foi uma referência da cidade quase tão famosa quanto o sanduíche. No tempo dos viajantes, era só falar de Bauru que se pensava em sacanagem. Até poucos anos atrás, a associação era imediata. Devemos isso a ela.

Naqueles pudicos anos, quando ia com a minha mãe ao Mercado Municipal e éramos obrigados a cruzar a rua do pecado, como era conhecida a famosíssima rua Costa Ribeiro — ou “aquela rua”, como diziam lá em casa —, mamãe me fazia baixar a cabeça.

Deste modo, fiquei com uma visão impressionista da zona do meretrício. Formas difusas, cores fugidias e muita imaginação. Devo ter sido uma das raras pessoas que foram à zona com a mente e não com o corpo. Eny nos faz ter saudade do pecado.

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