Quase Nada É Novo é fruto de mais de vinte anos de pesquisas, experiências e vivências de Luciano Bezerra Gomes, descrevendo um olhar singular, a partir da poesia como potência, sobre os atravessamentos que congregam profissional-instituição-ensino.
A poesia é uma maneira de trabalhar em mim as afetações que o mundo nos produz. Não consigo escrever um verso se ele não for mobilizado pelos processos relacionais em que estou inserido.
Não apenas nos aspectos íntimos, mas também nos sociais, visto que nos constituímos como dobras singulares do mundo, transversalizadas pelos fluxos mais distintos. Por isso, sempre pensei que tudo que eu venha a produzir na vida deve ser compartilhado.
A insistência na estratégia artesanal de organização se baseou na persistente defesa da livre circulação de saberes e da arte. Sendo assim, de certo modo, eu me autopirateio e autorizo as demais pessoas a assim também o fazerem.
Por isso, mesmo sendo instado por algumas pessoas ao longo dos anos, sempre resisti à ideia de publicá-los por alguma editora em formato impresso.
Além de não querer uma caixa de livros estragando na garagem, nunca me animou a ideia de um lançamento com amigos bebendo vinho enquanto levavam o livro, por consideração, para ficar em suas casas, num canto da prateleira.
Ante essa imagem, sempre preferi que as pessoas os deixassem “mofando” numa pasta qualquer no seu computador (já que este foi o destino mais comum que eles tiveram ao longo dos anos), pois assim, pelo menos, não se ampliaria o desmatamento.
Apenas com a possibilidade apresentada pela Editora Rede Unida foi que resolvi sair da circulação artesanal, pois ela tem apostado na elaboração de bons projetos editoriais, mas com a política de disponibilização gratuita dos livros na internet.
Isso iria remediar um dos problemas do acesso às minhas poesias: pelo menos, eu poderia compartilhar com os amigos arquivos com um ótimo aspecto visual e de manuseio facilitado.