Mantendo Um Olho Aberto

Para Julian Barnes, a maior ambição da arte é renovar a visão que temos do mundo. Nunca mais vamos olhar certos pintores e certos quadros da mesma maneira que fazíamos antes quando terminamos a leitura de Mantendo um olho aberto – Ensaios sobre a arte, que focaliza quase dois séculos de produção artística.

De certa maneira, Barnes age como um professor, aquele melhor tipo de professor que consegue ensinar sem pedantismo e com eficiência porque transpira paixão pelo que comparte.
Na introdução da coletânea, ele conta que seu interesse foi despertado pelas obras de Gustave Moreau (1826-1898), o simbolista francês. Mas especificamente por uma visita fortuita ao Museu Gustave Moreau, em Paris. “Talvez eu admirasse Moreau especialmente porque ninguém tinha me dito para fazer isso. Mas foi certamente nesse lugar que eu me lembro de, pela primeira vez, observar pinturas conscientemente, em vez de me encontrar na presença delas de modo passivo e obediente”, escreve o romancista. É a primeira lição de Barnes: deixar-se levar, por conta própria, pelo mistério da pintura.
Esse impulso foi decisivo na hora de o escritor eleger o modernismo como seu movimento artístico predileto. A escolha é fácil de entender levando-se em conta que Gustave Flaubert (1821-1880) – constantemente citado no livro e, por coincidência, um grande amigo de Gustave Moreau – é um dos autores imprescindíveis na galeria de Barnes. Foi com o O papagaio de Flaubert, obra inclassificável e fascinante, que o autor ficou conhecido internacionalmente, em 1984. Na pintura e na literatura, ele busca um equilíbrio entre o desejo de fazer o novo e um diálogo contínuo com o passado. Essa abordagem norteia os 17 ensaios, que vão de Eugéne Delacroix (1798-1863) e Paul Cézanne (1839-1906) a Lucian Freud (1922-2001).
Abre o livro um texto sobre A balsa da Medusa, de Théodore Géricault (1991-1824). O quadro retrata trágico episódio: um naufrágio no norte da África deixou cerca de 150 pessoas sem lugares no bote salva-vidas; elas tiveram de se amontoar numa pequena jangada construída com tábuas e partes do mastro, a qual ficou à deriva em alto-mar. Um médico assumiu a liderança do grupo e passou a dissecar os corpos dos mortos para que servissem de alimento aos sobreviventes. Depois de 15 dias, eles enfim avistaram um navio no horizonte.

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Para Julian Barnes, a maior ambição da arte é renovar a visão que temos do mundo. Nunca mais vamos olhar certos pintores e certos quadros da mesma maneira que fazíamos antes quando terminamos a leitura de Mantendo um olho aberto – Ensaios sobre a arte, que focaliza quase dois séculos de produção artística. De certa maneira, Barnes age como um professor, aquele melhor tipo de professor que consegue ensinar sem pedantismo e com eficiência porque transpira paixão pelo que comparte.
Na introdução da coletânea, ele conta que seu interesse foi despertado pelas obras de Gustave Moreau (1826-1898), o simbolista francês. Mas especificamente por uma visita fortuita ao Museu Gustave Moreau, em Paris. “Talvez eu admirasse Moreau especialmente porque ninguém tinha me dito para fazer isso. Mas foi certamente nesse lugar que eu me lembro de, pela primeira vez, observar pinturas conscientemente, em vez de me encontrar na presença delas de modo passivo e obediente”, escreve o romancista. É a primeira lição de Barnes: deixar-se levar, por conta própria, pelo mistério da pintura.
Esse impulso foi decisivo na hora de o escritor eleger o modernismo como seu movimento artístico predileto. A escolha é fácil de entender levando-se em conta que Gustave Flaubert (1821-1880) – constantemente citado no livro e, por coincidência, um grande amigo de Gustave Moreau – é um dos autores imprescindíveis na galeria de Barnes. Foi com o O papagaio de Flaubert, obra inclassificável e fascinante, que o autor ficou conhecido internacionalmente, em 1984. Na pintura e na literatura, ele busca um equilíbrio entre o desejo de fazer o novo e um diálogo contínuo com o passado. Essa abordagem norteia os 17 ensaios, que vão de Eugéne Delacroix (1798-1863) e Paul Cézanne (1839-1906) a Lucian Freud (1922-2001).
Abre o livro um texto sobre A balsa da Medusa, de Théodore Géricault (1991-1824). O quadro retrata trágico episódio: um naufrágio no norte da África deixou cerca de 150 pessoas sem lugares no bote salva-vidas; elas tiveram de se amontoar numa pequena jangada construída com tábuas e partes do mastro, a qual ficou à deriva em alto-mar. Um médico assumiu a liderança do grupo e passou a dissecar os corpos dos mortos para que servissem de alimento aos sobreviventes. Depois de 15 dias, eles enfim avistaram um navio no horizonte.

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