Rádio: Oralidade Mediatizada

Júlia Albano apresenta um estudo sobre o spot publicitário e os elementos da linguagem radiofônica que compreende desde a origem histórica, deste tipo de mensagem publicitária até exemplos marcantes de spots veiculados pelas emissoras.

A autora mostra as amplas possibilidades da radiofonia quando reconhecidos os elementos da voz, que invadem a letra e atribuem à entonação da locução uma performance criativa, gestual e colorida.
Algumas questões em relação à radiofonia brasileira, em específico sobre a sua linguagem, foram se consolidando à medida que observava a existência de dois quadros, em princípio, paradoxais. Por um lado, a presença marcante do meio rádio no cotidiano das pessoas e consequentemente na paisagem sonora. Em 1996, estima-se que 89,3% dos domicílios brasileiros possuem rádio e que mais de 90% das pessoas entre 10 e 65 anos ouvem rádio diariamente. Some-se a isso um outro fator de ordem qualitativa: a nossa linguagem radiofônica, de acordo com o maestro Júlio Medaglia, apresenta um diferencial que a torna "audiotáctil" e "em cores". Por outro lado, as pesquisas de mídia delineiam um outro quadro no qual apontam a pequena participação do meio rádio na distribuição dos investimentos publicitários. Ao mesmo tempo, pesquisadores e profissionais admitem a existência e denunciam a prática do gilete-press, ou seja, a leitura de notícias diretamente retiradas da mídia impressa dentro dos departamentos de radiojornalismo, assim como a irradiação do áudio de uma peça publicitária elaborada e produzida para a mídia audiovisual sem nenhuma adequação prévia para o veículo.
O que no princípio me pareceu paradoxal, revelou-se intrinsecamente lógico quando, ao consultar as obras sobre linguagem radiofônica — os conhecidos manuais de radiojornalismo —, constatei que a ênfase recaía sobre a elaboração do texto verbal-escrito, como se este fosse a essência da radiofonia. Essa concepção descuida do fato de que a linguagem radiofônica não é exclusivamente verbal-oral, mas resultado de uma semiose de elementos sonoros (trilha, efeito, ruído e silêncio) que perdem sua unidade ao serem inseridos em um meio acústico coordenado pelo tempo para comporem um todo, que é a obra radiofônica.
Neste sentido, esta pesquisa tem como objetivo discutir a linguagem radiofônica, sua estrutura e organização, refletindo acerca dos seus elementos constituintes — o texto verbal-escrito, a voz e a sonoplastia (trilha, efeitos sonoros, ruído e silêncio) —, do meio em si e do contexto cultural na qual está inserida, pois o aspecto singular destacado acima por Júlio Medaglia reforça a tese de Santaella de que "a marginalidade também tem seus trunfos".

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Júlia Albano apresenta um estudo sobre o spot publicitário e os elementos da linguagem radiofônica que compreende desde a origem histórica, deste tipo de mensagem publicitária até exemplos marcantes de spots veiculados pelas emissoras. A autora mostra as amplas possibilidades da radiofonia quando reconhecidos os elementos da voz, que invadem a letra e atribuem à entonação da locução uma performance criativa, gestual e colorida.
Algumas questões em relação à radiofonia brasileira, em específico sobre a sua linguagem, foram se consolidando à medida que observava a existência de dois quadros, em princípio, paradoxais. Por um lado, a presença marcante do meio rádio no cotidiano das pessoas e consequentemente na paisagem sonora. Em 1996, estima-se que 89,3% dos domicílios brasileiros possuem rádio e que mais de 90% das pessoas entre 10 e 65 anos ouvem rádio diariamente. Some-se a isso um outro fator de ordem qualitativa: a nossa linguagem radiofônica, de acordo com o maestro Júlio Medaglia, apresenta um diferencial que a torna “audiotáctil” e “em cores”. Por outro lado, as pesquisas de mídia delineiam um outro quadro no qual apontam a pequena participação do meio rádio na distribuição dos investimentos publicitários. Ao mesmo tempo, pesquisadores e profissionais admitem a existência e denunciam a prática do gilete-press, ou seja, a leitura de notícias diretamente retiradas da mídia impressa dentro dos departamentos de radiojornalismo, assim como a irradiação do áudio de uma peça publicitária elaborada e produzida para a mídia audiovisual sem nenhuma adequação prévia para o veículo.
O que no princípio me pareceu paradoxal, revelou-se intrinsecamente lógico quando, ao consultar as obras sobre linguagem radiofônica — os conhecidos manuais de radiojornalismo —, constatei que a ênfase recaía sobre a elaboração do texto verbal-escrito, como se este fosse a essência da radiofonia. Essa concepção descuida do fato de que a linguagem radiofônica não é exclusivamente verbal-oral, mas resultado de uma semiose de elementos sonoros (trilha, efeito, ruído e silêncio) que perdem sua unidade ao serem inseridos em um meio acústico coordenado pelo tempo para comporem um todo, que é a obra radiofônica.
Neste sentido, esta pesquisa tem como objetivo discutir a linguagem radiofônica, sua estrutura e organização, refletindo acerca dos seus elementos constituintes — o texto verbal-escrito, a voz e a sonoplastia (trilha, efeitos sonoros, ruído e silêncio) —, do meio em si e do contexto cultural na qual está inserida, pois o aspecto singular destacado acima por Júlio Medaglia reforça a tese de Santaella de que “a marginalidade também tem seus trunfos”.

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