Diálogo Dos Deuses, Direitos Dos Homens
nasceu de um duplo desafio. Primeiro escrever uma monografia para conclusão do mestrado em Ciências da Religião na PUC-SP realizado entre 1994 a 1998. Segundo, escrever um texto que estivesse à altura do “objeto” estudado: a ação ecumênica e inter-religiosa em prol dos Direitos Humanos promovida pelo Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns enquanto esteve à frente da Arquidiocese de São Paulo (1970-1998). O primeiro desafio realizou-se. O segundo só o leitor poderá dizer.
Após quinze anos tive oportunidade de publicar e disponibilizar aos leitores este trabalho. Receava que o tema estivesse superado. Porém, após os atentados do onze de setembro de 2001, os conflitos religiosos recrudesceram. A possibilidade do inter-religioso tornou-se tema de entusiasmados debates entre religiosos, políticos, ativistas e pesquisadores. Além disso, o sucessivo aviltamento dos Direitos Humanos em todo o mundo faz de Dom Paulo Evaristo Arns um exemplo imprescindível de luta contra todo ato de violência. Diálogo Dos Deuses, Direitos Dos Homens postula que Dom Paulo é um líder religioso atemporal. Seu testemunho não é datado.
Vivemos atualmente na era do multiculturalismo. As fronteiras locais e nacionais vão se desfazendo obrigando o ser humano a conviver real ou virtualmente com outras culturas. É certo que a globalização aproxima culturas pouco ou mal preparadas para se encontrarem.
A globalização imposta “de cima para baixo” tem gerado inúmeras reações contrárias, entre elas, o fundamentalismo religioso. Este constitui um fenômeno cultural de intolerância e rigidez religiosas no qual, por temor a mudanças e adaptações advindas das transformações culturais. Lideres da religião lançam mão de seus fundamentos mais rigorosos para preservar suas tradições de adaptações e transformações que julgam perigosas.
Para um fundamentalista quem não se submete à sua crença está contra ele. Os fundamentalistas visam instaurar uma hegemonia cultural e política da sua própria tradição. Embora nem todos os movimentos fundamentalistas proponham o recurso à violência, todos coincidem na crítica que dirigem às sociedades plurais e à democracia, vistas como dissolutas e um obstáculo à implementação da sua leitura unívoca da verdade religiosa.
Por isso mesmo, o testemunho de Dom Paulo em prol do diálogo e dos direitos humanos é mais do que nunca atual.