Fragas Falantes: Vinte Anos, Vinte Tipos De Letras

Estes vinte alfabetos convidam-nos a ver ex novo aquilo que julgávamos conhecer. Alegóricas fragas falantes, cujos ecos estremecem. Oráculos cristalizados capazes de trazer à luz meta-significados,

dando a ver e a ouvir pronúncias e timbres linguísticos. São desse ponto-de-vista alfabetos ilustrados, que iluminam o discurso e guiam o pensamento nessa ‘ars combinatoria’ que tanto serve o texto como, pelas suas qualidades formais e plásticas, dele se emancipa.
Tal desejo de capturar e transmitir o impossível é o alfa e o ómega da cultura projectual moderna que tange estes ensaios tipográficos, assumidos simultaneamente como som e forma, texto e imagem, local e paisagem, gerando padrões de representação que vão muito além do valor facial da letra, qual ‘ekfrasis’ capaz de se constituir em modelo tonal, que os tíitulos, essencialmente nomes de lugares, ajudam a revelar.
Manuzio, Alberti e, mais tarde, Serlio bem intuíram a analogia orgânica entre tipos e topos, bem patente nas portadas dos alvores da modernidade, explorando sentidos laterais, subterrâneos ou complmentares ao texto através do desenho que ditava naturalmente a geometria reguladora da composição e a hierarquia dos elementos na página em ordem a uma cosmogonia que ultrapassava o mero objectivo de difusão da palavra.
Teorizar sobre a arte por meio de caracteres e letras é ainda hoje um tema controverso. Não obstante, Jorge dos Reis logra aproximar-nos do arquetipíco alfabeto latente na parametrização dos temas e variações. Exercício de oposição do tipo ao estereótipo, da regra ao modelo, que permite figurações verosímeis do génio que aí soa.
Jorge dos Reis (Unhais da Serra, 1971) é o autor de três importantes tomos sobre O Desenho da Escrita em Portugal (Biblioteca Nacional de Portugal, 2012), destacando-se também a sua colaboração com Américo Rodrigues: Trânsito Local Trânsito Vocal (2004, cd-áudio).
Nos seus tempos de estudante, pendulava entre as Belas Artes e o Conservatório Nacional, onde frequentou canto, bem como aulas de Jorge Peixinho.

 

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Estes vinte alfabetos convidam-nos a ver ex novo aquilo que julgávamos conhecer. Alegóricas fragas falantes, cujos ecos estremecem. Oráculos cristalizados capazes de trazer à luz meta-significados, dando a ver e a ouvir pronúncias e timbres linguísticos. São desse ponto-de-vista alfabetos ilustrados, que iluminam o discurso e guiam o pensamento nessa ‘ars combinatoria’ que tanto serve o texto como, pelas suas qualidades formais e plásticas, dele se emancipa.
Tal desejo de capturar e transmitir o impossível é o alfa e o ómega da cultura projectual moderna que tange estes ensaios tipográficos, assumidos simultaneamente como som e forma, texto e imagem, local e paisagem, gerando padrões de representação que vão muito além do valor facial da letra, qual ‘ekfrasis’ capaz de se constituir em modelo tonal, que os tíitulos, essencialmente nomes de lugares, ajudam a revelar.
Manuzio, Alberti e, mais tarde, Serlio bem intuíram a analogia orgânica entre tipos e topos, bem patente nas portadas dos alvores da modernidade, explorando sentidos laterais, subterrâneos ou complmentares ao texto através do desenho que ditava naturalmente a geometria reguladora da composição e a hierarquia dos elementos na página em ordem a uma cosmogonia que ultrapassava o mero objectivo de difusão da palavra.
Teorizar sobre a arte por meio de caracteres e letras é ainda hoje um tema controverso. Não obstante, Jorge dos Reis logra aproximar-nos do arquetipíco alfabeto latente na parametrização dos temas e variações. Exercício de oposição do tipo ao estereótipo, da regra ao modelo, que permite figurações verosímeis do génio que aí soa.
Jorge dos Reis (Unhais da Serra, 1971) é o autor de três importantes tomos sobre O Desenho da Escrita em Portugal (Biblioteca Nacional de Portugal, 2012), destacando-se também a sua colaboração com Américo Rodrigues: Trânsito Local Trânsito Vocal (2004, cd-áudio).
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