
Um trabalho que se detém na presença e no significado (especificamente psicanalítico) do pai, em toda a sua extensão cultural, histórica, simbólica e subjetiva.
Com base na famosa obra de Freud “Totem E Tabu”, Joël Dor enfrenta a questão da proibição do incesto, depois outros temas essenciais, como o da função do pai na dialética edipiana e o da foraclusão do significante Nome-do-Pai na etiologia lacaniana da psicose.
O interesse dessa obra é eminentemente clínico, pois o autor dedica um longo capítulo à abordagem da relação entre a função paterna e as diferentes estruturas clínicas: a estrutura perversa, a obsessiva e a histérica.
Por mais recorrente que seja a problemática do pai no campo da experiência psicanalítica, só excepcionalmente é que se tem que abordá-la logo de início.
Se bem que fique permanentemente subjacente, nem por isso ela deixa de ser, com frequência, fugaz, por pouco que se enfatize precisamente esta função.
Tal evitamento sem dúvida se explica tanto melhor quanto a função paterna constitui um epicentro crucial na estruturação psíquica do sujeito.
Quando mais não seja, pelo menos, pela razão de que a identidade sexual de cada um só tem como saída sofrer por meio dela a sua própria inscrição subjetiva, às vezes em detrimento da predeterminação biológica dos sexos.
Isso significa o quanto esta referência à função do pai se define como uma ordenação princeps, com relação à qual nenhuma complacência pode permanecer sem efeito.
Convém, ainda, que seja judiciosamente observada sua incidência, para além dos comentários psicologizantes, das prescrições “pedago-lógicas” e outras ortopedias reeducativas de todas as obediências, cujo furor atual não se esgota quanto a esta questão do pai.
Fixar as balizas fundamentais, que circunscrevem e saturam as diferentes valências da função paterna, tomou-se uma tarefa tanto mais oportuna quanto me foi permitido avançar no terreno de um ensino proposto a clínicos preocupados em esclarecer algumas eventualidades de sua prática.
Tomei deliberadamente o partido de expor, sob uma perspectiva sinóptica, a infra-estrutura suscetível de ordenar seus pormenores, de tal modo que esta função apareça, sobretudo, na sua lógica interna, expurgada de todas as implicações metapsicológicas e clínicas que inevitavelmente convoca.
