Jerome K. Jerome – A Nova Utopia
Poucos pesadelos são tão engraçados quanto o da personagem não nomeada de A Nova Utopia, publicado pela primeira vez em 1891.
Não que este tenha sido o único pesadelo cômico da literatura inglesa do século XIX – basta lembrarmos dos dois que perturbaram o sono da pequena Alice nos romances de Lewis Carroll, que visitou países regidos pela mais absoluta (e absurda) lógica, constantemente distorcida em favor do disparate.
Jerome Klapka Jerome (1859 – 1927) foi um escritor e humorista inglês, mais conhecido por seu livro Three Men in a Boat (1889).
A história curta A Nova Utopia pode ser considerada o berço do gênero da literatura que utiliza as distopias como cenário, onde as obras mais conhecidas são 1984 de George Orwell e Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley.
O primeiro romance distópico – Nós – foi escrito entre 1920 e 1921 pelo escritor russo Yevgeny Zamyatin, e pode-se ver claramente que a inspiração para Nós veio do trabalho de Jerome K. Jerome, assim como 1984 de George Orwell foi fortemente inspirado no trabalho de Zamyatin.
A Nova Utopia começa com um grupo aristocrata “progressista” reunido no Clube Nacional Socialista, onde após um jantar requintado com faisão recheado com trufas, regado com um vinho caríssimo, e excelentes charutos, o grupo de amigos “progressistas” faz uma instrutiva discussão sobre igualdade do homem e a nacionalização do capital.
O autor faz uma bem humorada crítica aos “avançados” socialistas, que enquanto pregam a igualdade e divisão da riqueza se refastelam com as melhores comidas e bebidas.
O narrador, apesar de não estar muito familiarizado com a retórica socialista, abraça integralmente o que é discutido e também considera que o mundo deveria ser reconstruído segundo essa ótica da igualdade e estatização dos meios de produção.
Depois da noitada ele cai esgotado na cama, e leva um susto ao acordar mil anos no futuro, dentro de uma redoma de vidro em um museu.
Ele descobre que o deixaram exposto todo esse tempo, apenas para verem até quando ele ficaria dormindo.
Um velho cavalheiro gentilmente o acompanha pela cidade, mostrando como o mundo tornou-se uma maravilhosa utopia socialista.
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